Se tem uma coisa que aprendi ao longo dos anos ensinando inglês e morando fora, é que a confiança pode ser uma faca de dois gumes no aprendizado de idiomas. É ótimo se sentir confortável ao falar, mas às vezes essa autoconfiança nos faz cair em armadilhas linguísticas. E poucas são tão traiçoeiras quanto os falsos cognatos.
Essas palavrinhas parecem inofensivas. Afinal, têm escrita ou som semelhantes ao português, então nosso cérebro, sempre em busca de atalhos, nos convence de que seus significados são óbvios. Mas não são. O resultado? Situações embaraçosas, frases sem sentido e aquele olhar confuso do interlocutor.
Já vi isso acontecer inúmeras vezes em sala de aula. O aluno, confiante, solta uma frase e, quando percebe a reação estranha do interlocutor, já é tarde demais. A boa notícia? Quase todo mundo passa por isso, mas posso garantir: não há nada como cometer um erro ao vivo para nunca mais esquecer uma palavra.
Os clássicos tropeços: falsos cognatos comuns
- “Pretend” não é “pretender” – Esse é um dos campeões de erro entre os brasileiros. Muitas vezes, alunos me dizem, cheios de entusiasmo: I pretend to learn English!
A intenção é boa, mas o significado sai completamente errado. Em inglês, pretend significa “fingir”. Então, ao dizer essa frase, a pessoa está, sem querer, afirmando que só está fingindo aprender inglês, quando o certo seria: I intend to learn English. (Eu pretendo aprender inglês.)
- “Actually” não significa “atualmente” – Outro clássico. Muita gente usa actually achando que significa “atualmente”, quando, de fato, quer dizer “na verdade”. Veja a diferença:
❌ Actually, I live in São Paulo. (Na verdade, eu moro em São Paulo.)
✅ Currently, I live in São Paulo. (Atualmente, eu moro em São Paulo.)
Esse erro pode causar confusão em uma conversa. Se alguém perguntar onde você mora e você responder Actually, I live in São Paulo, a pessoa pode pensar que você está corrigindo uma informação errada que ela tinha.
- “Library” não é “livraria” – Imagine que você está viajando e quer comprar um livro. Você vê uma biblioteca e diz para alguém:
❌ I’m going to the library to buy a book.
O problema? Library não é “livraria”, mas sim “biblioteca”. O termo correto para livraria é bookstore. Então, o certo seria:
✅ I’m going to the bookstore to buy a book.
- “Parents” não significa “parentes” – Esse é um dos falsos cognatos que mais pega brasileiros de surpresa. Parents significa “pais” (pai e mãe), e não “parentes”. Para se referir a tios, primos e afins, o termo correto é relatives.
❌ My parents live in Brazil. (Meus pais moram no Brasil.)
✅ My relatives live in Brazil. (Meus parentes moram no Brasil.)
Agora, imagine um estudante falando para um amigo estrangeiro: I have many parents in Brazil. O outro pode ficar chocado, achando que a pessoa tem vários pais!
Outros falsos cognatos que enganam facilmente:
- Fabric não é “fábrica”, mas sim “tecido”. A palavra correta para fábrica é factory.
- Lecture não é “leitura”, mas sim “palestra”. Para leitura, usamos reading.
- Exquisite não significa “esquisito”, mas sim “requintado” ou “sofisticado”.
- Assist não quer dizer “assistir”, mas sim “ajudar”. Se quiser dizer que assistiu a um filme, use watch ou see.
- Sensible não é “sensível”, mas sim “sensato”. Para dizer que alguém é sensível, o correto é sensitive.
Como evitar essas armadilhas?
Se tem algo que sempre digo para meus alunos é: desconfie do óbvio. Se uma palavra em inglês parece idêntica ao português, mas soa estranha no contexto, vale checar o significado antes de usá-la. Aqui vão algumas estratégias para não cair nesses enganos:
- Aprenda palavras no contexto certo
Não adianta memorizar palavras soltas. É muito mais eficiente aprender frases inteiras, pois isso te dá um contexto para entender o real significado das palavras. - Use dicionários confiáveis
Ferramentas como o Cambridge Dictionary e o Merriam-Webster são ótimas para verificar significados e pronúncias. - Preste atenção ao inglês falado
Assistir a filmes, séries e podcasts ajuda a perceber como certas palavras são usadas no dia a dia. - Pratique ativamente
Quanto mais você praticar, mais natural será o uso correto das palavras.
E você, já caiu nessa?
Agora que já falamos dos falsos cognatos mais comuns, quero saber: você já cometeu algum desses deslizes? Ou conhece alguém que já passou por uma situação engraçada por causa de um falso cognato?