Coordenador da Frente Parlamentar Mista Ambientalista e correligionário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Nilto Tatto (SP) vê as declarações sobre a “lenga-lenga” no licenciamento para perfuração de um poço exploratório de petróleo na Margem Equatorial como reflexo das pressões para liberação do processo, além de servir como meio para esclarecer à sociedade o próprio papel do Ibama.
“Essas declarações provocam o debate sobre o papel do Ibama. Ajuda a população a entender a importância de um trabalho técnico e que não é afeito a pressões políticas”, disse o parlamentar à CNN. “Isso mostra que há uma política de estado (e não de governo) no trabalho do Ibama, que tem um histórico de atuação série na análise dos licenciamentos.”
Tatto avalia que, apesar da queixa pela lentidão no caso e de afirmar que “parece que é um órgão contra o governo, Lula não considera interferir no trabalho dos técnicos, nem que isso signifique fragilizar a posição do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho – ele próprio ex-coordenador da frente parlamentar ambientalista.
“O presidente do Ibama não pode fazer o que quer, precisa atuar com respaldo da área técnica”, disse Tatto.
O Ibama já negou à Petrobras a perfuração de um poço exploratório para investigar o potencial de extração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, na costa do Amapá. A petrolífera alega já ter atendido às exigências do órgão ambiental. Lideranças políticas do estado, como o governador Clécio Luís (Solidariedade) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), defendem a atividade como forma de dinamizar a economia local.
Por outro lado, ambientalistas apontam risco no empreendimento em caso de vazamentos e que seria contraditório um país como o Brasil e um governo que aposta na transição ecológica prosseguir com extração de petróleo, em vez de investir em alternativas mais sustentáveis.