Fabinho Soldado, diretor executivo de futebol do Corinthians, tem atuado nos bastidores para blindar o CT em meio às constantes notícias sobre a política do clube, com a possibilidade de afastamento do presidente Augusto Melo.
A reportagem da Itatiaia apurou que o momento político conturbado do Timão, com a votação de impeachment de Augusto no Conselho marcada e a possibilidade de indiciamento por parte da Polícia devido ao caso VaideBet, é tópico no vestiário.
Alguns jogadores conversaram com Fabinho nos últimos dias para entender a situação do clube, e coube ao dirigente passar segurança a eles. Além do elenco, funcionários no dia a dia do CT Joaquim Grava têm questionamentos e dúvidas sobre o futuro.
Por mais que atletas e membros do estafe corintiano tenham acesso às notícias, o CT é considerado blindado pelo departamento de futebol. Os jogadores entendem que precisam fazer a parte deles independentemente da política do Parque São Jorge.
Internamente, Fabinho Soldado é visto como um trunfo, justamente pela capacidade de lidar com essas situações e dialogar com os jogadores. Algo semelhante ocorreu ao longo de 2024, quando Augusto Melo já estava pressionado no cargo e mesmo assim a equipe fez uma ótima reta final de Brasileirão, com nove vitórias seguidas e classificação para as fases preliminares da Copa Libertadores.
Uma demonstração de força de Fabinho, na visão de fontes do clube, foram as negociações com Tite e Dorival Júnior para o cargo de técnico após o desligamento de Ramón Díaz. O executivo soube “vender” o projeto corintiano para dois dos técnicos mais renomados do país na atualidade, mesmo com os escândalos extracampo.
Tite, o “plano A” da diretoria, só não assinou contrato com o Corinthians por questões de saúde mental. Já Dorival, que inicialmente não esperava comandar um time em tão pouco tempo após sua saída da Seleção, negociou alguns dias com Soldado até acertar os termos financeiros.
O Corinthians venceu o Santos por 1 a 0 no último domingo (18) e pulou para a oitava posição do Brasileirão, com 13 pontos conquistados. A equipe volta a entrar em campo na quarta-feira (21), diante do Grêmio Novorizontino, pela volta da terceira fase da Copa do Brasil.
Caos político
Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, definiu que a nova reunião para votar o afastamento de Augusto Melo por conta do “caso VaideBet” será no dia 26 de maio (segunda-feira), a partir das 18 horas (de Brasília), no salão nobre do Parque São Jorge.
A primeira votação ocorreu no dia 20 de janeiro, mas foi suspensa por Romeu por questões de segurança e horário. O encontro se estendeu após Augusto e seus pares questionarem a condução do presidente do Conselho. De qualquer forma, neste encontro, o processo de admissibilidade, que garante a continuidade do rito, foi aprovado por 126 a 114.
Inicialmente, a ideia de Tuma era marcar a votação de impeachment apenas a partir do término do inquérito da Polícia Civil que investiga o acordo entre Corinthians e a casa de apostas VaideBet.
A Itatiaia apurou que a Polícia Civil está na fase final das investigações, e o inquérito deve ser concluído nos próximos dias.
Apesar da decisão, cabe lembrar que o processo de impeachment não tem relação com o desenrolar dos trabalhos da polícia. Os conselheiros só podem avaliar infrações estatutárias, e não criminais.
O “caso VaideBet”
A VaideBet, que passou a ocupar o espaço máster do uniforme do Corinthians assim que Augusto Melo assumiu a presidência, deixou de patrocinar a equipe em junho de 2024. O que motivou essa decisão da empresa foi o suposto caso envolvendo um laranja no acordo milionário entre a casa de apostas e o clube paulista.
A denúncia sobre o suposto envolvimento de um laranja no acordo entre Corinthians e VaideBet foi feita pelo jornalista Juca Kfouri, colunista do portal UOL. No texto, Kfouri apontou que a empresa Rede Social Media Design Ltda, responsável por intermediar o acordo entre a casa de apostas e o Timão, repassou parte do valor de comissão à Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.
A Neoway tinha como sócia uma mulher chamada Edna Oliveira dos Santos, moradora de Peruíbe, no litoral de São Paulo. Ela afirma desconhecer o caso.
A investigação do contrato entre Vai de Bet, empresa de apostas esportivas, e Corinthians rastreou o caminho dos recursos provenientes do acordo. A diligência revelou uma relação entre dirigentes do clube e integrantes do crime organizado.
A quebra de sigilos bancários revelou contas nas quais circulou R$ 1,4 milhão, que foi pago em uma espécie de comissão pelo patrocínio.
O recurso chegou a uma conta denunciada ao Ministério Público pelo delator do PCC, Antônio Vinícius Gritzbach, morto em 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, a mando de traficantes.