Os embarques de café robusta do Vietnã voltaram a ganhar ritmo nos últimos meses, mas ainda não o suficiente para superarem os da safra passada. Entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, o segundo maior produtor mundial e líder global na variedade robusta embarcou 11,44 milhões de sacas de 60 quilos. De outubro de 2023 a fevereiro de 2024, foram 13,24 milhões de sacas.
Segundo a Hedgepoint Global Markets, a situação ainda reflete as consequências do clima adverso, que reduziu volumes de colheita e de produto enviado ao mercado externo. “No Vietnã, os embarques seguiram a sazonalidade e cresceram entre o fim de 2024 e início de 2025, mas ainda estão abaixo da safra anterior, devido à menor produção e estoques reduzidos”, afirmou Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da consultoria.
Mas a Ásia retoma fôlego com os números do segundo maior produtor de robusta do continente, a Indonésia, onde a expectativa para as exportações da safra atual, de 2025/26, é de crescimento na ordem de 15%, para 7,9 milhões de sacas. O número supera a média histórica para os embarques devido à recuperação da safra 2024/25 e preços atrativos na bolsa de Londres (ICE Futures Europe), onde a cotação do robusta é referenciada.
A produção do país deve crescer 3,7%, para 11,6 milhões de sacas, informou o boletim da consultoria, divulgado nesta segunda-feira (10/3). Por outro lado, os preços do café devem prevalecer em patamares recordes, o que pode limitar a demanda, pondera a analista Laleska Moda.
O levantamento das exportações da Indonésia foi de abril de 2024 até janeiro de 2025, totalizando 6,49 milhões de sacas. O volume é 19,96% maior que as 5,41 milhões de sacas exportadas no mesmo período de 2023/24.
Contudo, preços elevados podem reduzir o consumo e as exportações, ainda que devam seguir dentro da média dos últimos anos. E a volatilidade nas bolsas estrangeiras deve continuar devido às incertezas sobre a produção de café arábica no Brasil, refletindo sobre os mercados das duas variedades.
Na última semana, o contrato com entrega para maio atingiu US$ 4,10 por libra-peso na bolsa de Nova York (ICE Futures US) um valor recorde, diante do clima adverso e da menor oferta brasileira. “Apesar disso, os futuros recuaram com a previsão de chuvas e preocupações sobre o impacto dos altos preços na demanda, enquanto varejistas resistem a repassar os custos, dificultando as negociações ao redor de globo”, ponderou a analista.
No campo, produtores brasileiros esperam por chuvas para verificar se a situação muda em março e ajuda a compor os volumes de exportação mundial.