As exportações brasileiras de café em abril caíram 27,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, para 3,09 milhões de sacas de 60 kg. Mesmo assim, o volume continua sendo recorde para a safra 2024/25, que completou dez meses de temporada atingindo 40 milhões de sacas enviadas ao exterior. Os dados foram divulgados nesta segunda (12/5), no relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Apesar de o volume ser menor que o apurado na safra anterior, a receita saltou 41,8%, de US$ 946 milhões para US$ 1,34 bilhão na comparação anual diante do aumento do preço que o grão acumula desde o ano passado.
Em dez meses do ano safra 2024/25, a receita foi de US$ 12,44 bilhões, alta de 56,3% versus o mesmo período da safra 2023/24.
Ao segmentar os embarques por tipo de café, o mês de abril representou um recuo de 17,4% para o arábica, que passou de 3,24 milhões de sacas de 60 kg em abril do ano passado para 2,68 milhões no mesmo mês de 2025.
Mesmo assim, o café arábica foi o mais exportado nos quatro primeiros meses de 2025, com as remessas ao exterior somando 11,709 milhões de sacas.
Para o conilon, a comparação do mesmo intervalo representou uma queda significativa, de 84,9%. O conilon saiu do patamar de 685,5 mil para 103,5 mil sacas embarcadas de um ano ao outro.
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a queda em volume reflete o período de entressafra, principalmente após o Brasil ter exportado montante recorde em 2024.
“Até a entrada da safra de arábica, esperamos queda nas exportações nos próximos dois meses. Como viemos de embarques históricos no ano passado, é natural que 2025 apresente menores volumes, mas ainda mantendo receita cambial significativa como reflexo dos preços no mercado internacional”, comentou em nota.
Ele lembra que, para este ano, há a possibilidade de o Brasil colher a maior safra de conilon com uma produção melhor que a dos principais produtores da espécie no mundo, Vietnã e Indonésia.
No cenário do arábica, com a proximidade da colheita, deve haver revisões do mercado sobre as estimativas, que devem ficar acima do que vinha sendo projetado.
“Seguiremos com um ano apertado, porém com uma safra não tão distante da anterior”, complementou Ferreira. Para ele, os preços devem começar a cair no segundo semestre diante de uma safra recorde no conilon.
Os Estados Unidos foram os principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil entre janeiro e o fim de abril deste ano, com a aquisição de 2,373 milhões de sacas, uma queda de 11,2% em relação ao mesmo período de 2024.
Análise do acumulado da safra 2024/25
De janeiro ao fim de abril deste ano, as exportações de café somaram 13,816 milhões de sacas, o que representa declínio de 15,5% em relação ao volume remetido nos quatro primeiros meses de 2024. Por outro lado, a receita cambial disparou 51% no período, chegando a US$ 5,235 bilhões, o maior valor para esse intervalo de quatro meses na história.
O presidente do Cecafé afirmou que, a permanecerem as condições climáticas adequadas após a colheita, durante os períodos de florada, fixação dos chumbinhos e posterior crescimento dos grãos, o parque cafeeiro do Brasil tem um potencial para uma safra significativa, tanto de arábica, quanto dos canéforas em 2026.
“É importante estar atento a esses fatores, pois, ainda que tenhamos uma produção apertada para atender o consumo em nível mundial, os agentes financeiros podem limitar novas compras ou até mesmo reduzir substancialmente as posições compradas atuais, puxando preços para baixo”, projetou.