O Itaú BBA está de olho no mercado de gergelim, pois vê um potencial de aceleração do crescimento da cultura no Brasil, depois que foi anunciada a abertura de mercado para esse produto na China.
O gergelim é a segunda cultura que mais cresceu no país em 2023, ficando atrás apenas da soja. Na safra 2023/24, a produção cresceu 107%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), evidenciando um potencial de rentabilidade expressivo em detrimento a outras culturas.
Segundo relatório do Itaú BBA, o cenário é promissor para o agronegócio no próximo ano, porém há desafios para industrialização do produto.
De acordo com a análise, a indústria do gergelim enfrenta baixa produtividade devido ao insuficiente conhecimento científico, tecnologias escassas, falta de mecanização específica e a deiscência das sementes, processo natural de abertura das cápsulas e liberação das sementes antes do período de colheita, o que pode levar a grandes perdas.
O gergelim é uma planta herbácea natural da Ásia, cuja semente apresenta alto teor de óleo com qualidade nutricional, o que chama a atenção de mercados internacionais, inclusive origens produtoras, como o Marrocos.
Hoje, parte importante do gergelim produzido no Brasil é exportada e é utilizado para a produção de óleo e para a fabricação de cosméticos. Como o custo de produção, em geral, é baixo e atrai produtores que estão pensando em diversificar negócios. Por outro lado, o gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA Cesar de Castro Alves atenta para a menor liquidez do produto em comparação a outros grãos commodities.
“O gergelim se mostra como uma alternativa viável ao milho 2ª safra pela boa rentabilidade e baixos custos totais, mas o mercado dele tem menor liquidez em relação aos mercados de milho e soja, com menos participantes e uma demanda menor, sendo mais semelhante ao mercado de feijão”, apontou Alves.
A abertura de mercado à China pode acelerar mais a expansão, acrescenta o analista, já que o país asiático é o maior importador global de gergelim.
Expansão rápida
Em comparação a 2023, houve uma expansão na área plantada de 83%, passando de 361 mil para 660 mil hectares, segundo a Conab. “Essa foi a maior expansão de área agrícola no Brasil, ficando apenas atrás da soja. A produção também teve um salto de 174 mil para 361 mil toneladas, principalmente em função dos baixos custos de produção e da boa rentabilidade quando comparada ao milho”, destacou o documento da instituição financeira.
A planta do gergelim é resistente às condições de seca e se tornou uma alternativa viável para os produtores da região Centro-Oeste, diante do baixo custo de produção e da pouca exigência de adubação.
Em Mato Grosso, a janela para o plantio de gergelim se inicia em fevereiro e se estende a meados de março, enquanto a colheita ocorre entre maio e junho.