O café está presente na rotina de muitos brasileiros. Versátil, a bebida pode ser encontrada em diferentes tipos e formas de preparo, desde o café torrado comum até o especial, do coado ao expresso. Mas será que existe um tipo que é mais saudável do que outro?
Segundo a nutricionista Angéli Marques Golfetto, o café especial é o mais saudável entre as opções encontradas no mercado. Ele é produzido com grãos da espécie Arábica e passa por um processo de controle de qualidade mais rigoroso do que o café tradicional.
“Esse é um café que vai passar por um processo rigoroso de seleção, com os melhores grãos, sem a presença de defeitos, de fungos e de micotoxinas”, explica Golfetto. Além disso, por possuir menos cafeína, seu sabor é mais suave, tornando mais palatável o consumo sem açúcar.
Já o café tradicional passa por um processo menos rigoroso de qualidade e seleção, podendo conter grãos menos maduros, cascas, palhas e, até mesmo, fungos. Para mascarar esses defeitos, sua torra é mais intensa, resultando em um café mais escuro e com sabor mais forte.
“Eu sempre digo que, para tomar um café sem açúcar, precisamos aprender a tomar café especial, porque ele possui um dulçor natural”, afirma a nutricionista.
O café gourmet também pode ser uma opção mais saudável em relação ao torrado comum, mas ainda assim não segue os mesmos padrões de qualidade do que o café especial. “Por ser considerado um café gourmet, não possui tanta sujidade e misturas como acontece no café torrado tradicional. Ou seja, ele vai ter uma qualidade um pouco melhor, mas, ainda assim, não é um café especial”, afirma Golfetto.
Benefícios do café
O café oferece vários benefícios para a saúde. Segundo a nutricionista, o grão possui propriedades antioxidantes, com compostos como polifenóis e ácido clorogênico que ajudam a combater a ação dos radicais livres, reduzindo a inflamação e o processo de envelhecimento das células.
Um artigo de revisão publicado no periódico New England Journal of Medicine resumiu evidências sobre os diversos efeitos fisiológicos da cafeína e do café para o organismo. Segundo a pesquisa, o consumo moderado pode reduzir o risco de doenças crônicas, incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.
Além disso, o café aumenta a performance na realização de exercícios físicos, segundo estudo publicado no International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism.
O grão também pode oferecer neuroproteção, melhorando a plasticidade nas sinapses (conexões dos neurônios do cérebro). Essa foi a conclusão de estudos publicados em colaboração por pesquisadores do Brasil, Estados Unidos e Portugal, no periódico científico Proceedings of National Academy Sciences (PNAS).
“A própria cafeína estimula o sistema nervoso central, melhora o estado de alerta, a concentração, o desempenho cognitivo e físico”, afirma Golfetto. “Ele também é rico em nutrientes, como vitaminas, manganês, potássio e, até mesmo, um pouco de magnésio”, completa.
O modo de preparo do café interfere?
Segundo a nutricionista, a regra é clara: não importa o método usado para passar o café. O que o torna menos saudável é a adição de açúcar.
“Adicionar regularmente açúcar ao café pode representar vários riscos. O primeiro deles é o excesso calórico, podendo contribuir para o ganho de peso”, afirma Golfetto. “O segundo é a resistência à insulina e o maior risco a diabetes tipo 2, além do risco de doenças cardiovasculares e a inflamação crônica”, completa.
Além disso, a especialista ressalta que o hábito de adicionar açúcar ao café pode contribuir para uma dieta mais rica em açúcares refinados no geral. “O açúcar diluído, líquido, é muito pior do que o açúcar que consumimos em doces, porque ele vai ser diretamente jogado na nossa corrente sanguínea, levando aos picos glicêmicos. Isso traz vários riscos de distúrbios metabólicos”, alerta a nutricionista.