A produtora de fertilizantes Eurochem, que hoje tem o Brasil como principal mercado global, vai apresentar, nesta segunda-feira (28/4), na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), uma nova linha de adubos especiais produzidos em Salitre (MG), onde a empresa tem o maior projeto de exploração de fosfatados do país. Os produtos se diferem dos adubos à base de fósforo que vinham sendo produzidos desde o ano passado na planta mineira pela formulação mais complexa, que leva macro e micronutrientes.
De acordo com Maicon Cossa, que assumiu há um ano a direção de operações da companhia no país, Maicon Cossa, a estratégia é aumentar os negócios nas categorias “premium”, como ele definiu, começando pela soja. Em sua primeira entrevista à reportagem ocupando o cargo, ele conta que a projeção é comercializar entre 200 mil e 250 mil toneladas dessa linha de fertilizantes para que ela chegue a ser de 20% a 25% da produção em Salitre.
A estimativa da empresa no Brasil, inclusive, é migrar a categoria de produtos mais complexos para a unidade, a fim de acompanhar a crescente demanda por insumos mais tecnológicos, que exigem menores dosagens que as atuais e asseguram números de rentabilidade que empolguem agricultores.
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Este ano, a fábrica de Salitre já está com produção plena e ganhando escala, depois de um movimento de “rump-up” em 2024. Cossa lembra que a empresa acelerou suas metas de crescimento no Brasil no ano passado, focando no projeto de Minas Gerais e no aumento da produção de fosfatados.
“Em 2024, Salitre produziu cerca de 50% de sua capacidade plena, movimentando cerca de 500 mil toneladas, mas a expectativa para este ano é alcançar ao menos 800 mil toneladas”, disse o diretor , acrescentando que não existe limitação para a unidade. A ideia é de expandir a produção para atender outras culturas além de café, cana-de-açúcar e grãos, e fornecer volumes maiores de produtos para outras partes do Brasil.
Por outro lado, o executivo mantém a projeção de que Salitre responderá por 15% dos fosfatados produzidos no país até o final deste ano.
Logística e distribuição
Este ano, diz o executivo, o momento é de “pensar muito bem na logística e na distribuição”, que atualmente é controlada 100% pela própria Eurochem. A empresa reativou a unidade de Paranaguá, polo de distribuição de quase 80% dos fertilizantes que chegam no Brasil, para expandir as rotas de envio para as regiões Centro-Sul, com foco maior no Estado do Paraná e Mato Grosso do Sul.
O local pertencia à Heringer e estava inativo há alguns anos. Retomar a atividades no terminal paranaense é uma aposta no modelo de gestão da Eurochem no país, de simplificar os negócios. De um lado, hibernar plantas da Heringer que não estavam rentáveis. De outro, reativar locais que possam agregar melhorias na logística.
Outro objetivo, segundo Cossa, é reforçar a presença da empresa no Sul do país. Em abril, a unidade de Paranaguá distribuiu 5 mil toneladas de adubo, mas o objetivo é atingir 600 mil toneladas em 2025. A operação no terminal paranaense concentra 7% a 8% das distribuições da Eurochem no Brasil. A expectativa da empresa é aumentar nos próximos anos.
Com a participação na Agrishow, a empresa com sede na Rússia quer se posicionar como uma das gigantes no ramo de insumos. Em vez de quantidade, a aposta é na qualidade dos produtos. No Brasil, a Eurochem surfa um momento financeiro positivo, destacando-se de outras companhias do setor, que vivenciam apertos e redução de lucros, como, por exemplo, Mosaic e a Yara.
Capitalizada, a empresa avalia que pode ganhar mercado no cenário de guerra comercial desencadeado pelos Estados Unidos, avalia Cossa. O governo Donald Trump não taxou a Rússia, maior fonte de fosfato da empresa, e que garante expansão de negócios na Europa e no Brasil.