Manter as contas em dia nem sempre é simples, e imprevistos podem levar ao acúmulo de dívidas. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em agosto de 2025, 78,1% das famílias brasileiras estavam endividadas, número que demonstra o impacto direto da inflação e da queda do poder de compra sobre a vida financeira dos consumidores.
Quando as dívidas não são pagas, o CPF do consumidor pode ser incluído em cadastros de inadimplência, como os do SPC Brasil e da Serasa. De acordo com dados da Serasa, em julho de 2025, o Brasil registrava 66,8 milhões de pessoas com nome negativado, o que corresponde a cerca de 40% da população adulta.
O primeiro passo para quem deseja reverter esse quadro é organizar todas as dívidas. É necessário listar valores, prazos, taxas de juros e credores, o que permite identificar quais débitos devem ser priorizados. Segundo o Banco Central, os juros do cartão de crédito rotativo ultrapassaram 430% ao ano em 2025, o que torna essencial negociar ou quitar essa modalidade de dívida antes das demais.
A renegociação é outro caminho viável. Empresas e instituições financeiras frequentemente oferecem condições especiais, como descontos de até 90% em pagamentos à vista, de acordo com a Serasa. Plataformas digitais, como a “Serasa Limpa Nome” e os serviços do SPC Brasil, permitem acordos rápidos e sem necessidade de deslocamento.
Além da negociação, o planejamento financeiro tem papel fundamental. Definir um valor fixo da renda mensal para o pagamento das dívidas e reduzir gastos não essenciais podem acelerar o processo. Um levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostrou que 54% dos consumidores que montaram um orçamento conseguiram quitar dívidas em menos de um ano.
Outro aspecto importante é a conferência dos débitos. O consumidor deve verificar se a cobrança é legítima. Caso identifique valores abusivos ou dívida já prescrita, é possível contestar a cobrança com a empresa ou acionar órgãos de defesa do consumidor, como o Procon.
Outra dica para tirar o nome sujo é definir prioridades para pagar as dívidas existentes. Dar foco nos débitos de maior valor ou com juros mais altos é uma forma de reduzir o impacto financeiro em médio prazo.
Após regularizar a situação, especialistas em finanças pessoais recomendam a criação de uma reserva de emergência equivalente a pelo menos três meses de despesas básicas, medida que reduz o risco de voltar ao endividamento.
Com organização, renegociação e disciplina, é possível limpar o nome sujo e retomar o acesso ao crédito, construindo uma trajetória mais estável para o futuro.