O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza cirurgias plásticas, atrás apenas dos Estados Unidos. E a procura por procedimentos estéticos tem começado cada vez mais cedo, oferecendo risco aos jovens que buscam intervenções cirúrgicas antes mesmo de completar 18 anos.
Enquanto as lipoaspirações e cirurgias de mama são as cirurgias mais comuns, o botox e preenchimentos são os mais procurados dentre os tratamentos não cirúrgicos.
O episódio de CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista deste sábado (3) vai tratar sobre a procura dos brasileiros por cirurgias plásticas e procedimentos estéticos, quando a preocupação com a estética pode se tornar excessiva e os riscos à saúde que estes procedimentos podem apresentar.
Para isso, o programa recebe a dermatologista Adriana Vilarinho e o cirurgião plástico Marcelo Sampaio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Para Marcello Sampaio, a preocupação com a aparência está ligada a algo mais amplo: como lidamos com o envelhecimento.
“O mundo inteiro anda estudando anti-aging, quais são os mecanismos de envelhecimento celular. E hoje, a gente entende a estética como um campo da medicina multidisciplinar. A estética envolve a dermatologia, envolve a cirurgia plástica, a endocrinologia com reposição hormonal, a nutrição. E a saúde, a clínica médica, com uma vida saudável para que a pessoa tenha um rejuvenescimento global, e não só na aparência física”, disse o cirurgião.
Adriana Vilarinho também ressalta que nossa relação com a saúde também foi afetada pela pandemia de Covid-19: “Depois da Covid, tivemos maior preocupação em estar bem com a saúde como um todo. Você tem que tratar o envelhecimento como um todo. A perda muscular é super importante para te manter numa longevidade. Envelhecer não é só a pele, não é só a estética. É um envelhecimento como um todo para chegar com uma boa qualidade de vida.”
Inclusive o público masculino passou a aumentar sua procura, com ambos os profissionais relatando um maior número de clientes homens em seus consultórios.
É importante evitar abusos
Os dois médicos ressaltam que é preciso, sim, evitar exageros, principalmente entre os mais jovens. Para eles, as redes sociais têm contribuído com um aumento nos problemas de imagem entre os menores de idade.
Sampaio explica que existem cirurgias que podem ser indicadas para os jovens: “Por exemplo, uma ‘orelha em abano’, proeminente, pode ser muito traumatizante para um jovem. Existe uma outra situação que são as hipertrofias mamárias juvenis. São meninas jovens, em quem a mama se desenvolve de uma forma exagerada.”
No entanto, a intervenção cirúrgica não pode ser considerada como a única saída. “A jovem que ganha peso, não faz nenhuma atividade física, não tem uma dieta saudável, e te procura para fazer uma lipoaspiração como se fosse uma forma de emagrecimento. E esta não é a finalidade da lipo. A lipo ajuda a remover gordura localizada. Então eu acho que este talvez seja na cirurgia plástica o grande exagero de intervenções em pacientes com menos de 18 anos”, disse ele.
Mesmo na dermatologia, procedimentos feitos de maneira inadequada também oferecem riscos.
“As rotinas de skincare começam muito precocemente. As redes sociais influenciam bastante. Eu já peguei paciente com lesão de córnea, com queimadura. Eu oriento os pais que comecem com coisas suaves, porque tem que tomar cuidado. Às vezes, há meninas com 11 ou 12 anos usando ácido, com risco de queimadura com o sol, lesão em córnea”, falou Vilarinho.
Quem deve indicar — e contraindicar — os procedimentos são sempre os médicos, já que apenas o profissional consegue avaliar os riscos e benefícios de uma cirurgia ou intervenção estética.
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