Os preços do algodão irão continuar em queda no mercado internacional e isso pode prejudicar Os margens do produtor. É que a pluma vive um cenário parecido com a soja, avisa o analista de agro do Itaú BBA, Francisco Queiroz.
“De dois a três meses para cá, os preços despencaram. Na época de decisão de plantio nos EUA o preço estava bom, na casa dos 90 centavos de dólar por libra-peso. Foi quando os americanos decidiram aumentar a área e isso pressionou as cotações”, explicou Queiroz.
Com o aumento da produção de 6%, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), guiado pelos Estados Unidos principalmente e pelo Brasil, a oferta global deve ser alta com cultivo de mais de 32 milhões de hectares, enquanto a demanda da indústria segue enfraquecida.
Esse percentual equivale a 26,2 milhões de toneladas versus o resultado da safra 2023/24, de 24,8 milhões de toneladas, conforme dados do relatório de julho do órgão americano. Na projeção de julho, o Brasil deve passar das 3,2 milhões de toneladas para 3,6 milhões de toneladas, salto de 15% na temporada de 2024/25.
Com o andamento da safra 2024/25 no Brasil “muito bom”, ele acrescenta que a produção global vai aumentar e ser expressiva. E, apesar de os preços estarem em queda, ainda há estimativa de crescimento no consumo da pluma, só que em um ritmo diferente da produção, acrescenta Queiroz.
“O consumo é sempre uma incógnita porque está associado ao desempenho da economia global e isso leva o consumo de algodão a reboque. Os estoques globais crescem, estando entre os maiores níveis desde a safra 2019/20. Depois veio a pandemia e atrapalhou o andamento da indústria”, detalha.
Nesse cenário, os preços devem se manter pressionados na bolsa de Nova York, refletindo no mercado interno do Brasil. Mesmo assim, há produtores em Mato Grosso trocando a área de milho por algodão, sendo um crescimento de área da safra passada para a atual de mais de 15%.
Contudo, o dólar alto pode ser o elemento compensador para produtores tirarem margem com o algodão. “A gente vê melhora de margem de algodão para o Brasil, mas seguindo o mesmo panorama da soja e milho, ganhos abaixo da média histórica”, pondera Queiroz.