O símbolo de lideranças da direita agora é o batom, objeto que foi bastante visto no ato que aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo, que defendia a anistia para os envolvidos no 8 de Janeiro.
O objeto tornou-se um aliado da direita por ser uma referência do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que utilizou um batom para escrever “perdeu, mané”, na escultura “A Justiça”, que fica em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro de 2023.
Durante discurso na manifestação de domingo (6), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro falou, segurando o objeto, que “o batom representa Débora”.
“Queremos dizer queridos, em especial para as nossas meninas aqui representadas por aquele ato que nossa vereadora Priscila Costa fez em Copacabana: o batom, batom que representa Débora”, afirmou Michelle.
A ex-primeira-dama já havia ainda publicado um vídeo, com um batom na mão, pedindo “anistia já”, dias antes do ato. A publicação foi utilizada em um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), publicado um dia antes da manifestação.Play Video
Na gravação de Nikolas, ele compara o caso de Débora com a de Rosa Parks, mulher que foi símbolo do movimento dos direitos civis negros nos Estados Unidos, na década de 1950. Na época, ela pegou um ônibus e se recusou a ceder lugar para um homem branco e foi acusada de violar a lei da segregação. Parks foi presa, mas solta no dia seguinte. O caso dela foi utilizado em manifestações que pediam o fim da segregação.
“Lá, foi um ônibus. Aqui, um batom”, diz o vídeo do deputado, que conta com mais de 54 milhões de visualizações.
No sábado (5), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) rebateu Nikolas Ferreira, afirmando que a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro “não é para salvar a mulher do batom, é para salvar Bolsonaro da prisão”.
Caso Débora Rodrigues
Débora Rodrigues dos Santos, que ficou conhecida por escrever, com batom, a frase “perdeu, mané” na estátua do Supremo Tribunal Federal (STF), durante os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro, deixou o Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, no interior de São Paulo, no dia 28 de março.
Ela estava presa desde março de 2023, mas, no dia 28 de março, o ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, concedeu prisão domiciliar a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No mês passado, Moraes votou para condená-la a 14 anos de prisão e ao pagamento de uma multa no valor de aproximadamente R$ 50 mil, além de uma indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Débora se tornou um símbolo de parlamentares e políticos que apoiam o projeto de lei que pede a anistia para os envolvidos no 8 de Janeiro.
Em outubro do ano passado, ela encaminhou um pedido de desculpas ao ministro Alexandre de Moraes. A defesa dela tinha solicitado a liberdade provisória. No entanto, a PGR se manifestou contra a soltura, mas foi favorável à substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar.