Um trabalho técnico, célere e rigoroso da Polícia Civil do Tocantins, por meio da 7ª Delegacia de Polícia Civil de Esperantina, resultou na condenação de um indivíduo de iniciais C.V.B., a 25 anos e nove meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, por diversos crimes cometidos contra sua companheira, M.L.S. O caso é considerado um dos episódios mais graves de violência doméstica já registrados na região do Bico do Papagaio nos últimos tempos. A sentença foi proferida na última quinta-feira, 10.
Os crimes ocorreram na noite de 9 de janeiro de 2025, na propriedade conhecida como “Chácara do Claudísio”. “Durante mais de 16 horas, a vítima foi submetida a espancamentos, estupros sob ameaça com arma de fogo, cárcere privado e tortura psicológica. Um dos atos mais humilhantes praticados pelo agressor foi cortar, com uma faca, os cabelos da companheira à força. Atitude essa, considerada um gesto simbólico de dominação e violência que marcou profundamente a dignidade da vítima”, frisa o delegado-chefe da 7ª DP de Esperantina, Jacson Wutke.
A mulher foi impedida de sair, obrigada a permanecer nua e vigiada com uma espingarda, sendo ameaçada de morte caso tentasse fugir ou pedisse ajuda. Somente na manhã seguinte, em um momento de distração do agressor, a vítima conseguiu fugir, correndo desnuda por um matagal até encontrar sua irmã, momento em que teve início a atuação da Polícia Civil.
Investigação
A partir de depoimentos detalhados, testemunhos consistentes e provas periciais, a investigação conseguiu comprovar a materialidade e a autoria dos delitos, culminando no indiciamento do autor.
O delegado Jacson Wutke destaca que a atuação da Polícia Civil foi decisiva para evitar que o caso terminasse de forma ainda mais trágica. “A escalada criminosa nesse relacionamento é absolutamente nítida. Começou com ciúmes excessivo, passou para o controle da liberdade, depois para agressões físicas, psicológicas, estupros e ameaças de morte. Felizmente conseguimos intervir antes que este caso terminasse em mais um trágico caso de feminicídio, como infelizmente ainda vemos com frequência em todo o Brasil”, destaca.
A autoridade policial orienta as mulheres vítimas de violência, para que denunciem. “A orientação é clara: quanto antes a vítima procurar a Polícia Civil, maiores são as chances de interromper esse ciclo de violência e salvar vidas. A denúncia é o primeiro passo para romper com esse silêncio mortal.”
Condenação
Após o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, a Vara Criminal da Comarca de Augustinópolis (TO), por sentença assinada pelo Juiz Alan Ide Ribeiro da Silva, reconheceu a gravidade dos fatos e acolheu integralmente as provas produzidas, condenando C.V.B., pela prática dos crimes de estupro, lesão corporal qualificada, ameaça majorada e cárcere privado qualificado no contexto de violência doméstica e familiar.
O Delegado Jacson Wutke também destaca o papel fundamental do Judiciário tocantinense na responsabilização de agressores e proteção das vítimas: “É preciso enaltecer a postura corajosa e técnica do Poder Judiciário tocantinense, que tem se posicionado de forma firme na proteção à mulher e no combate à violência doméstica. Em especial, o magistrado que conduziu este caso demonstrou profunda sensibilidade social, enfrentando com rigor a gravidade dos crimes e aplicando uma pena justa, proporcional e necessária. Em tempos em que tantas vítimas são desacreditadas ou silenciadas, decisões assim têm um efeito transformador, não só para as partes envolvidas, mas para toda a sociedade. Cada decisão firme como essa representa um passo a mais na consolidação de uma sociedade mais segura e igualitária”, finaliza.