No Brasil, 5.369 crianças e adolescentes esperam para adoção, de acordo com dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNC). Desde 2015, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união homoafetiva como um núcleo familiar e autorizou a adoção pelas famílias, cresce a cada ano o número de filhos com dois pais.
De 2019 a 2024, o número de adoções por casais de homens saltou de 77 para 263 — aumento de 241,56% em cinco anos, segundo dados levantados a pedido da CNN.
Neste ano, 178 casais gays adotaram crianças e adolescentes até o final do mês passado e têm mais motivos para comemorar o dia dos pais neste domingo (10). Na comparação com o mesmo período do ano passado, este ano já tem crescimento de 29%.
Ao considerar também as adoções por duas mães, adoção por casais homoafetivos (de homens e mulheres) triplicou em 5 anos, com salto de 149 em 2019 para 458 no ano passado.
A espera pela adoção existe mesmo com mais quase 33 mil pretendentes, pela compatibilidade de perfil entre famílias e crianças. Na contramão dos casais heteronormativos, os casais gays tendem a adotar crianças com idades mais elevadas, negras e com irmãos, que, em geral, enfrentam maiores obstáculos para serem acolhidos por famílias, de acordo com especialistas.
Os casais que vivem à margem da sociedade, que foram marginalizados “dentro do armário”, procuram crianças que também estão nesse armário; são aquelas menos vistasSilvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM)
Um cenário semelhante constituiu a família dos arquitetos Rafael Escrivão Sorrigotto e Luciano da Silva Rodrigues, que decidiram, aos 26 anos, adotar os irmãos Davi Luiz e Allan, em 2016. Na época, Allan tinha 10 anos e o irmão mais novo, quase 3 anos.
“O tempo que demora pra você entrar pra fila de adoção e seu telefone tocar vai depender muito do perfil que a gente pede, e como a gente não fazia questão de recém nascido e topa irmãos, eu acho que são dois pontos relevantes que nessa questão de agilidade fez toda a diferença”, disse Escrivão.