Manter-se fisicamente ativo é fundamental para evitar o desenvolvimento de uma série de doenças crônicas e metabólicas, além de manter a saúde cardiovascular, muscular e óssea. Uma série de estudos já estipulou a quantidade de passos diários necessários para receber esses benefícios. Um dos mais recentes, publicado no ano passado, estimou uma média de 10 mil passos por dia para permanecer saudável, mas uma nova pesquisa refuta esse achado.
Publicado na revista científica The Lancet Public Health, uma das mais importantes da área, o trabalho sugere que caminhar apenas sete mil passos por dia oferece benefícios à saúde semelhantes, em vários aspectos, a caminhar 10 mil passos. O estudo foi feito por uma equipe da Universidade de Sydney, na Austrália.
Os pesquisadores examinaram o impacto que diferentes contagens diárias de passos têm no risco de morte por doenças cardiovasculares e câncer, e nas chances de desenvolver tumores, diabetes tipo 2, demência e depressão. Para a professora Melody Ding, as descobertas oferecem um parâmetro mais acessível para pessoas que têm dificuldade em seguir as diretrizes tradicionais para a prática de atividade física.
“Ter como objetivo dar sete mil passos é uma meta realista com base em nossas descobertas, que avaliaram os resultados de saúde em uma série de áreas que não haviam sido analisadas antes”, afirma Ding em comunicado.
Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram trabalhos anteriores nos quais participantes usavam dispositivos de contagem de passos, como pedômetros, acelerômetros e rastreadores de atividade física, para monitorar sua contagem diária de passos.
Começando com dois mil passos, os especialistas compararam os resultados de saúde de pessoas que caminhavam mais passos por dia em incrementos de mil passos para verificar se havia alguma diferença no risco de morte precoce ou outras doenças graves.
O que o estudo descobriu sobre diferentes contagens de passos?
Segundo os pesquisadores, em comparação com dois mil passos por dia:
- Caminhar sete mil passos por dia reduziu o risco de morte em 47%, o que foi quase idêntico ao benefício observado ao caminhar 10 mil passos por dia;
- O risco de demência caiu 38% ao caminhar sete mil passos por dia, com apenas uma redução extra de 7% ao caminhar 10 mil passos;
- O risco de diabetes tipo 2 caiu 22% ao caminhar 10 mil passos por dia e foi reduzido para 27% ao caminhar 12 mil passos;
- Melhorias significativas na saúde foram observadas quando as pessoas aumentaram sua média de passos diários de 2 mil para entre cinco mil e sete mil passos.
“Para pessoas que já são ativas, 10.000 passos por dia é ótimo”, afirma Katherine Owen, coautora e analista-chefe do estudo da Escola de Saúde Pública. “Mas, além de sete mil passos, os benefícios extras para a maioria dos resultados de saúde que analisamos foram modestos”, completa.
Apesar das descobertas, os pesquisadores ressaltam que, para quem está iniciando uma vida mais ativa fisicamente e saindo do sedentarismo, mesmo pequenas quantidades de passos diárias — como aumentar de dois mil passos para quatro mil passos por dia — estão associadas a benefícios significativos para a saúde.
“Nossa pesquisa ajuda a mudar o foco da perfeição para o progresso. Mesmo pequenos aumentos na movimentação diária podem levar a melhorias significativas na saúde”, finaliza Ding.