Um drone equipado com câmera de baixo custo e softwares livres está em utilização pelo Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC) para selecionar plantas de milho tolerantes à seca. A ferramenta contribui para a seleção de plantas que suportem melhor o estresse hídrico.
Os resultados dos experimentos foram publicados em um artigo na Plant Phenome Journal. Os autores são vinculados ao GCCRC, um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído com apoio da FAPESP e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
De acordo com Helcio Duarte Pereira, pesquisador no GCCRC, a criação soluciona o problema de custo alto que os experimentos com plantas geneticamente modificadas exigem. “O método nos permitiu avaliar a tolerância das plantas à seca em uma área relativamente pequena, além de usar softwares gratuitos e uma câmera RGB, mais simples, que levantou parâmetros do experimento de forma mais eficaz do que a câmera multiespectral, mais cara”.
Além da economia financeira, o método permitiu uma coleta de dados mais rápida. Segundo informações do artigo, os métodos convencionais exigem medições manuais e mais limitadas. Por exemplo, com o drone, é possível realizar em poucas horas uma análise que levaria dias, o que permite ainda avaliar as plantas em diferentes estágios de crescimento.
“A análise contínua, em diferentes fases do ciclo de vida da planta, foi essencial para entender como elas respondem ao estresse hídrico”, explica Juliana Yassitepe, pesquisadora do GCCRC e da Embrapa Agricultura Digital, que coordenou o estudo.
Durante a estação seca de 2023, entre abril e setembro, os pesquisadores realizaram uma série de voos em uma área experimental em Campinas (SP). No local, haviam sido plantadas 21 variedades de milho, três convencionais e 18 modificadas geneticamente. A única diferença de tratamento entre as plantas foi que metade recebeu irrigação durante todo o ciclo de vida, enquanto a outra foi submetida à seca.
Os voos duraram 10 minutos e capturaram 290 imagens. Os pesquisadores selecionaram 13 voos feitos com a câmera multiespectral, que captura espectros não visíveis, e 18 com a câmera RGB, mais barata, que captura três cores, ou bandas: vermelho, verde e azul.
Os resultados apresentados a partir das imagens da câmera mais barata se mostraram confiáveis e mais precisos, o que, segundo o estudo, torna a tecnologia acessível para programas de melhoramento genético em larga escala.
Além de reduzir os custos operacionais, o método permite a realização de estudos em áreas menores, o que é útil em projetos com recursos limitados. Por fim, os pesquisadores lembram que os voos mais baixos permitem captar imagens em alta resolução.