O dólar inicia a sessão desta sexta-feira (17) em queda. Por volta das 9h15, a moeda americana recuava 0,13%, sendo negociada a R$ 5,4350. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Os investidores seguem atentos à agenda diplomática dos Estados Unidos e às movimentações econômicas no Brasil. Enquanto Brasília e Washington articulam uma nova rodada de negociações comerciais, o cenário global é marcado por tensões geopolíticas e pela expectativa de encontros entre líderes de grandes potências.
▶️ O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que Brasil e Estados Unidos devem iniciar uma série de reuniões para discutir acordos comerciais nas próximas semanas. Ele destacou que Lula e Donald Trump devem se encontrar “em breve”.
O chanceler se reuniu com o secretário de governo americano, Marco Rubio, na Casa Branca, e classificou o encontro como “ótimo” e “produtivo”. Eles trocaram telefones e definiram que terão um canal direto de contato entre os dois.
▶️ Em Washington, Trump recebe hoje o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca. A expectativa pelo encontro levou à queda dos preços do petróleo nesta manhã. Ele também afirmou que deve se reunir com Vladimir Putin nas próximas semanas, possivelmente em Budapeste.
▶️ Ainda falando em Trump, o republicano declarou que a tarifa de 100% sobre produtos chineses não é sustentável, mas justificou a medida como resposta à postura da China. Ele confirmou que deve se reunir com Xi Jinping nas próximas semanas, enquanto Pequim acusa os EUA de enfraquecer o sistema comercial global e promete divulgar um relatório sobre o cumprimento das regras da OMC.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
- Acumulado da semana: -1,10%;
- Acumulado do mês: +2,26%;
- Acumulado do ano: -11,93%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: +1,08%;
- Acumulado do mês: -2,76%;
- Acumulado do ano: +18,22%.
Mauro Vieira e Marco Rubio terão ‘canal direto’
Durante reunião realizada na Casa Branca ontem (16), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, decidiram estabelecer um canal direto de comunicação entre os dois governos.
🔎A iniciativa segue o exemplo dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que também mantêm contato direto.
O encontro, que durou pouco mais de uma hora, teve uma primeira parte reservada entre os dois representantes e, em seguida, uma rodada ampliada com a presença de assessores e equipes técnicas.
Segundo apurações da TV Globo, o foco principal da conversa foi o comércio bilateral, com destaque para os pedidos brasileiros de revisão das tarifas e sanções aplicadas por Washington.
As delegações iniciaram a construção de um cronograma de negociações, e uma primeira reunião técnica, em formato virtual, deve ocorrer nos próximos dias. Em nota conjunta, Rubio classificou o encontro como “muito positivo” e reforçou o compromisso de manter o diálogo aberto com o Brasil.
Além disso, os dois países trabalham para viabilizar um encontro presencial entre Lula e Trump “na primeira oportunidade possível”.
A reunião também contou com a presença do representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, e foi marcada, segundo Vieira, por uma postura construtiva e alinhada com o espírito de retomada das negociações.
Tensão EUA-China
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (17) que a tarifa de 100% sobre produtos chineses não é sustentável, mas disse que foi forçado a adotá-la pela postura da China, destacando a necessidade de um acordo justo entre os dois países.
Em entrevista à Fox Business Network, Trump afirmou que a China está sempre buscando vantagem nas negociações e admitiu que ainda não sabe qual será o desfecho do conflito comercial.
Ele confirmou que deve se reunir com o presidente Xi Jinping nas próximas duas semanas para discutir o comércio e declarou: “Vamos ver o que acontece”.
Também nesta sexta, a missão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) afirmou que os Estados Unidos têm enfraquecido o sistema de comércio multilateral baseado em regras desde que o novo governo assumiu o cargo em 2025.
O comunicado cita o uso recorrente de políticas discriminatórias, tarifas de retaliação e sanções unilaterais que, segundo Pequim, violam os compromissos assumidos na OMC.
A delegação chinesa informou que um relatório do Ministério do Comércio irá avaliar o cumprimento das regras pelos Estados Unidos em 11 áreas.
O documento também deve renovar os apelos para que Washington respeite as normas da OMC e coopere com outros países-membros no fortalecimento da governança econômica global.
EUA em paralisação pelo 17º dia
A paralisação do governo dos EUA (shutdown) chega ao 17º dia nesta sexta-feira (17), sem sinais de resolução. O impasse político já começa a afetar diretamente milhões de americanos, incluindo militares e famílias que dependem de programas sociais.
Embora o Departamento de Defesa tenha conseguido realocar recursos para garantir o pagamento dos soldados em 15 de outubro, há incerteza sobre os salários previstos para o fim do mês, o que tem gerado preocupação entre os militares.
Outro ponto crítico é o programa de assistência alimentar SNAP, que atende cerca de 42 milhões de pessoas em todo o país. Caso o bloqueio orçamentário continue, o governo não terá recursos suficientes para pagar integralmente os benefícios de novembro, segundo alerta do Departamento de Agricultura.
O Senado, que não teve sucesso em aprovar a reabertura do governo em dez tentativas anteriores, tem nova votação marcada para a próxima segunda-feira (20). Se o impasse persistir até lá, esta será a terceira paralisação mais longa da história dos EUA.
Enquanto isso, o clima de incerteza se intensifica, com relatos de famílias preocupadas com despesas básicas como aluguel, alimentação e aquecimento, especialmente com a aproximação do inverno.
Bolsas globais
Em Wall Street, o clima nos mercados é de preocupação crescente. Investidores estão atentos a uma série de empréstimos bancários de grande porte que não tiveram o retorno esperado nas últimas semanas.
Esse cenário levanta dúvidas sobre a saúde do sistema financeiro, especialmente em um momento de maior sensibilidade econômica.
Na manhã desta sexta-feira, os índices futuros das bolsas americanas apontavam para uma abertura em queda. O Dow Jones recuava cerca de 0,2%, o S&P 500 caía 0,4%, e o Nasdaq, mais exposto a empresas de tecnologia, indicava uma baixa de 0,6%.
Na Europa, anúncio de uma possível reunião entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, na Hungria, para discutir a guerra na Ucrânia, gerou cautela entre os investidores.
Com isso, as ações de empresas ligadas à defesa foram especialmente afetadas, com quedas significativas, diante da possibilidade de mudanças no cenário internacional.
Os principais índices europeus registram perdas nesta sexta-feira: o STOXX 600, que reúne empresas de diversos países da região, caiu 1,48%. Na Alemanha, o DAX recuou 2,10%, enquanto o FTSE 100, do Reino Unido, teve queda de 1,22%. O CAC 40, da França, caiu 0,74%, e o FTSE MIB, da Itália, perdeu 1,99%.
Já as bolsas asiáticas fecharam em queda, com destaque para as bolsas da China e de Hong Kong, que registraram as maiores perdas semanais desde abril. A cautela dos investidores aumentou diante das incertezas comerciais e da realização de lucros em ações de inteligência artificial.
No fechamento desta sexta-feira, o índice de Xangai caiu 1,95%, enquanto o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, recuou 2,26%. O Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 2,48%. Em Tóquio, o Nikkei caiu 1,44%. Já em Taiwan, o Taiex teve baixa de 1,25%, e em Cingapura, o Straits Times recuou 0,81%.
A exceção foi Seul, onde o Kospi teve leve alta de 0,01%, em meio ao cenário predominantemente negativo na região.