O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (24) em queda de 0,11%, cotado a R$ 5,3949. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em alta de 0,33%, aos 155.278 pontos.
A semana começou com uma agenda econômica carregada no Brasil e sinais importantes no exterior. Entre dados econômicos e eventos políticos, os investidores monitoraram fatores que podem mexer com expectativas para inflação, contas públicas e juros.
▶️ Por aqui, novos dados econômicos ficaram no radar. O destaque ficou com a divulgação da arrecadação federal de outubro, com novos sinais sobre a política fiscal brasileira. A arrecadação somou R$ 261,9 bilhões no mês passado, no maior valor para o período desde 1995. O resultado foi impulsionado pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e pela taxação de apostas.
▶️ Além disso, o boletim Focus — relatório que reúne projeções de mais de 100 instituições financeiras — mostrou um novo recuo nas projeções de inflação para 2025, mantendo as estimativas abaixo do teto do sistema de metas. Para o final deste ano, a previsão passou de 4,46% para 4,45%.
▶️ Ainda na agenda, falas do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, também ficaram no radar. Durante evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o banqueiro central fez comentários sobre o caso envolvendo o Banco Master e defendeu juros ainda em patamares restritivos no país. (Veja mais abaixo)
▶️Nos EUA, a expectativa é pela divulgação do “Livro Bege” do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), previsto para quarta-feira. O documento serve como um termômetro da economia norte-americana e que deve trazer novas pistas sobre os próximos passos da instituição na condução da política monetária. O mercado mantém apostas em um possível corte de juros em dezembro.
▶️ Além disso, a semana também será mais curta por lá por conta do feriado de Ação de Graças, que fecha os mercados norte-americanos na quinta-feira e reduz a liquidez na sexta.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
💲Dólar
- Acumulado da semana: -0,11%;
- Acumulado do mês: +0,28%;
- Acumulado do ano: -12,70%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: +0,33%;
- Acumulado do mês: +3,84%;
- Acumulado do ano: +29,09%.
Arrecadação federal
A arrecadação do governo federal somou R$ 261,9 bilhões em outubro, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Receita Federal. O valor representa um aumento real (descontada a inflação) de 0,92% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram arrecadados R$ 259,5 bilhões.
Esse também foi o maior resultado para o mês de outubro desde o início da série histórica, em 1995 — ou seja, um recorde em 31 anos. O desempenho foi impulsionado pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo governo em maio.
Outro fator que contribuiu foi a taxação das apostas online e loterias, que adicionou cerca de R$ 1 bilhão à arrecadação no mês.
Além disso, houve crescimento no Imposto de Renda sobre aplicações financeiras, favorecido pelos juros altos, e nos valores pagos como juros sobre capital próprio, enquanto vigorou a Medida Provisória que elevou tributos — depois derrubada pela Câmara.
Segundo a Receita, o IRRF sobre capital arrecadou R$ 11,57 bilhões, alta real de 28,01%. Esse resultado veio do aumento nas aplicações de renda fixa para pessoas físicas e jurídicas (+42,10%), nos fundos de renda fixa (+41,36%) e nos juros sobre capital próprio (+32,93%).
Agenda econômica
- Boletim Focus
Os analistas reduziram novamente as previsões de inflação para os próximos anos. Os dados fazem parte do boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, que reúne estimativas de mais de 100 instituições financeiras.
Na semana passada, pela primeira vez no ano, a expectativa para 2025 caiu para um nível abaixo do teto da meta de 4,5%. Veja como ficaram as projeções:
- ➡️ 2025: passou de 4,46% para 4,45%
- ➡️ 2026: caiu de 4,20% para 4,18%
- ➡️ 2027: manteve-se em 3,80%
- ➡️ 2028: permaneceu em 3,50%
Já a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB), que mede a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, não mudou: 2,16% para 2025 e 1,78% para 2026.
Em relação à taxa Selic, que influencia os juros cobrados em empréstimos e financiamentos, também segue estável para 2025, em 15% ao ano. Para 2026, a estimativa caiu de 12,25% para 12%, e para 2027 continua em 10,50%.
- Gabriel Galípolo
As falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também ficaram no radar. Durante evento da Febraban nesta segunda-feira (24), o banqueiro central afirmou que a instituição ainda está insatisfeita com o nível da inflação — que ainda não convergiu para a meta de 3% — e voltou a defender a manutenção dos juros em patamares mais altos.
“Gostaríamos que a inflação estivesse convergindo mais rápido, mas existe um custo, um trade-off [para isso]”, afirmou Galípolo. “Ainda somos insatisfeitos, não estamos onde queremos, por isso seguimos com patamar restritivo de juros”, completou.
O banqueiro central também disse que o caso envolvendo o Banco Master reforça a necessidade de aprimorar e modernizar o perímetro de supervisão do sistema financeiro.
🔎 O chamado “perímetro de supervisão” é o conjunto de instituições e operações que o Banco Central acompanha para garantir a segurança do sistema financeiro. Incluir mais instituições e atividades no escopo pode evitar que riscos escapem para áreas menos vigiadas.
“Bancos são instituições falíveis […] Esses problemas vão acontecer. O importante é a gente sempre aprender e conseguir inovar para que você não caia na repetição de problemas que aconteceram no passado, né?”
Bolsas globais
Os mercados americanos começaram a semana sem direção definida, refletindo a expectativa sobre um possível corte nos juros pelo banco central dos EUA.
A falta de dados recentes, causada pela paralisação do governo, aumentou a incerteza, enquanto investidores ainda avaliam se o entusiasmo com inteligência artificial pode ter gerado uma bolha.
Perto das 14h30, os três principais índices de Wall Street operavam em alta: Dow Jones subia 0,46%, enquanto S&P 500 tinha alta de 1,37% e Nasdaq avançava 2,42%.
Na Europa, as bolsas também tiveram um dia majoritariamente positivo, impulsionadas por ações de empresas de tecnologia e diante da melhora do apetite por risco em meio às crescentes expectativas de um novo corte nas taxas básicas de juros dos EUA.
A agenda local ficou esvaziada nesta segunda, mas no Reino Unido cresce a expectativa para o anúncio do Orçamento de Outono, que pode incluir aumento de impostos. Além disso, investidores acompanham negociações entre Washington e Kiev sobre um plano de paz na Ucrânia, após críticas à proposta inicial.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,14%, a 562,88 pontos, enquanto em Londres, o FTSE 100 caiu 0,05%, a 9.534,91 pontos.
Em Frankfurt, o DAX avançou 0,64%, a 23.239,18 pontos, em Paris o CAC-40 recuou 0,29%, a 7.959,67 pontos, e em Milão o Ftse/Mib perdeu 0,85%, a 42.298,17 pontos.
Já Madri registrou alta de 0,92%, com o Ibex-35 a 15.967,80 pontos, e Lisboa teve leve queda de 0,04%, com o PSI20 a 8.052,29 pontos.
Já os mercados asiáticos fecharam em alta. No Japão, não houve negociação por conta de feriado nacional.
No fechamento, os índices mostraram ganhos: Shanghai (China) +0,05%, Hang Seng (Hong Kong) +1,97% e Nifty 50 (Índia) +0,04%. O Nikkei permaneceu fechado.







