Com alta recorde no preço do café, que chegou a aumentar 40% no último ano, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), versões falsificadas do produto começam a ganhar espaço nas prateleiras dos supermercados. Os chamados “café fakes“, vendidos a preços inferiores aos originais, tem preocupando as indústrias do setor e colocam em risco os consumidores.
O que tem no café fake? Entenda a composição
O “café fake” imita o sabor do café de forma artificial, mas não é fabricado a partir do grão. Pelo contrário, o produto falsificado leva em sua composição cascas, mucilagem, pau, pedra e palha, que são proibidos por lei para consumo humano.
Para Celírio Inácio da Silva, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), este tipo de comercialização se utiliza de subterfúgios para enganar o consumidor, “que também está buscando soluções para continuar adquirindo a bebida apesar das altas dos preços”, diz.
No Brasil, a legislação sanitária e de defesa agropecuária proíbe a comercialização de café misturado com resíduos. “Há quatro décadas, os setores público e privado trabalham juntos na garantia da oferta de um bom produto através das certificações. Portanto, a recomendação é que os consumidores adquiram apenas café que possuam o selo de pureza e qualidade da Abic”, diz.
Como não cair no golpe do café fake?
Algumas técnicas na hora de compra podem ajudar o consumidor a identificar e diferenciar os cafés fakes dos originais. “O café possui muitos atributos que fazem bem à saúde e isso só pode ser atestado pela certificação”, enfatiza Celírio.
- Busque o selo de pureza e qualidade da Abic na embalagem;
- Esteja atento à origem e qualidade do produto;
- Verifique a procedência do grão;
- Desconfie de preços muito baixos;
- Pesquisa a reputação da empresa por trás do café.
Por que o café está tão caro?
A valorização do café pode ser um dos responsáveis pelo boom dos grãos falsificados, já que eles chegam às prateleiras com preços mais competitivos. No entanto, seu consumo não é indicado, podendo colocar em risco à saúde dos consumidores.
As condições climáticas foram desafiadoras para o setor cafeeiro nos últimos quatro anos – geadas, restrição hídrica e altas temperaturas, ocasionadas pelos fenômenos climáticos.
O clima adverso registrado no final de 2023 e em 2024 causou impacto em todas as regiões produtoras, o que colocou a safra do grão em 54,2 milhões de sacas de 60 quilos, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume foi 1,6% menor que o produzido na safra de 2023.
Ainda assim, apesar das altas recordes dos preços, o consumo vem crescendo. Entre janeiro e outubro, aumentou 0,78%, segundo dados da Abic. E, por isso, a entidade defende a importância de tratar o assunto com seriedade.
“O café é um item que está presente em 98% dos lares e é a segunda bebida mais consumida no mundo, atrás da água. Não pode ser tratado com tamanho descaso”, diz Silva. O executivo explica que todo o setor está unido em busca de soluções diante das dificuldades de produção que acarretam o recente aumento dos preços.