Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) têm exposto um racha interno ao longo desses últimos dias após o anúncio do tarifaço de 50% de Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Ex-ministro de Bolsonaro e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) busca se equilibrar entre os bolsonaristas e o prejuízo econômico do tarifaço para o estado. No entanto, passou a ser alvo de ataques de Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente que está morando nos Estados Unidos.
Eduardo diz não se arrepender da pressão para retaliar o Brasil. Segundo ele, a decisão de Tarcísio de negociar com os americanos é um “desrespeito”. À CNN, Eduardo classificou de “nada inteligente” o movimento de Tarcísio de tentar diálogo com a embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Inicialmente, o próprio Tarcísio chegou a aderir de maneira mais próxima ao discurso da defesa de Bolsonaro e agora vem recalibrando a rota, promovendo reuniões entre representantes americanos e empresários.
Outro ponto é que, se antes os bolsonaristas apontavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como principal culpado pelo tarifaço, agora se voltam ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no STF (Supremo Tribunal Federal).
A ideia é vincular os processos contra o ex-presidente na Corte à decisão de Trump, numa narrativa de perseguição política.
O STF segue o rito do julgamento da ação penal da suposta tentativa de golpe de Estado normalmente.
Por meio de carta, no domingo (13), o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, defendeu a atuação do STF e disse que o julgamento será feito “com independência e com base nas evidências”. Disse, ainda, que no Brasil não se persegue ninguém, inclusive as big techs, outra acusação de Trump.
Em mais um capítulo do embate, a plataforma Rumble e a Trump Media afirmam na Justiça dos Estados Unidos que Moraes emitiu o que consideram uma nova ordem ilegal para bloquear contas no país. A decisão de Moraes ocorreu na última sexta. Portanto, já depois do anúncio do tarifaço.
Diante da situação e aproveitando o embalo do tarifaço, a oposição no Congresso corre para tentar votar até quinta-feira (17) o projeto de anistia que livraria os investigados. Mas a avaliação de líderes partidários é de que tocar a anistia agora seria ceder a Trump e abrir mão da soberania nacional.
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, por sua vez, ignorou qualquer pedido de anistia em carta lida no final de semana, embora tenha feito série de críticas ao presidente Lula.