Momentos de alta pressão, como provas e vestibulares, costumam desencadear no cérebro uma série de reações ligadas à resposta de estresse. Diante da grande quantidade de simulados e conteúdos para estudar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), por exemplo, é comum que o nervosismo e a ansiedade tomem conta, levando até à paralisação por medo de não dar conta. Com isso, o tempo e a qualidade dos estudos acabam comprometidos.
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Segundo a neurocientista Thaís Gameiro, sócia da Nêmesis, algumas estratégias baseadas na neurociência podem ajudar a regular as emoções, manter a calma durante os estudos e até fortalecer a autoconfiança — elemento essencial para um bom desempenho nas provas.
Nesta terça-feira (22), celebra-se o Dia Mundial do Cérebro. Nada melhor do que aproveitar a data para cuidar dele e mantê-lo afiado para os estudos com estas cinco dicas simples e práticas:
Respire
Ao respirar profundamente pelo diafragma (respiração abdominal), você ativa o sistema nervoso parassimpático, que estimula o relaxamento. Isso, de acordo com a ciência, ajuda a reorganizar a mente e o corpo.
A ativação desse sistema contribui para a redução da frequência cardíaca e da pressão arterial e ativa o córtex pré-frontal, favorecendo a regulação eficiente das emoções e da tomada de decisão. “Antes ou durante um momento de pressão, faça algumas respirações lentas e profundas. Inspire contando até quatro, segure por um e expire contando até seis. Repita isso por alguns minutos ou até sentir-se mais equilibrado”, sugere a neurocientista Thaís Gameiro.
Mantenha o foco no presente
A ansiedade é frequentemente uma projeção mental ao futuro, no qual ativamos circuitos neurais que ensaiam cenários e desfechos para múltiplos caminhos. É uma tentativa de antever problemas e nos preparar. “No entanto, essa habilidade pode muitas vezes despertar emoções negativas e ativar nosso sistema defensivo, tornando enviesada e turva nossa visão da realidade”, comenta a especialista.
Se sentir a ansiedade surgindo, traga sua atenção para os fatos e elementos do momento presente. Pergunte-se: quais informações concretas eu tenho agora? Minhas reações emocionais e corporais são fruto de cenários possíveis ou da realidade? Prestar atenção por alguns minutos em algo presente no ambiente (um cheiro, um objeto, uma pessoa) pode interromper o fluxo de pensamentos catastróficos que alimentam a ansiedade.
Xô, pensamentos negativos!
O cérebro reage também aos nossos pensamentos e diálogos internos. Tais estímulos são capazes de desencadear reações emocionais intensas, semelhantes àquelas provocadas por eventos reais. Por isso, um diálogo interno negativo (“não consigo”, “vou falhar”, “não sou inteligente o bastante”) ativa as regiões do cérebro associadas ao estresse.
Por outro lado, um diálogo interno positivo (“eu sou capaz”, “vou dar o meu melhor”) ativa as regiões associadas ao nosso sistema motivacional apetitivo, favorecendo a tomada de decisão, a regulação emocional e a recuperação de memórias associadas à tarefa em questão. “Identifique e questione os pensamentos negativos. Substitua-os por afirmações otimistas e realistas sobre suas habilidades e esforços. Pense em como você falaria com um amigo em uma situação semelhante e procure ser gentil com você mesmo”, sugere a neurocientista.
Visualize o resultado positivo
A visualização positiva é uma técnica poderosa no qual você cria imagens mentais vívidas de um resultado ou desfecho desejado. O segredo é que o cérebro não consegue diferenciar totalmente entre uma experiência real e uma intensamente imaginada. Ao se visualizar performando bem e com confiança no vestibular, você ativa as mesmas redes neurais que seriam acionadas na situação real. Essa prática ajuda a construir e fortalecer os caminhos neurais associados aos comportamentos e habilidades necessárias para o desempenho positivo.
Continue a estudar
A preparação adequada é um dos maiores impulsionadores da confiança. O cérebro se sente mais seguro e menos ameaçado quando percebe que tem os recursos necessários para lidar com uma situação. A prática e a repetição fortalecem as conexões neurais relacionadas à tarefa, tornando-a mais automática e menos propensa a erros no momento-chave.
O conhecimento sólido reduz a incerteza, que é um gatilho de ansiedade. Por isso, estude consistentemente, faça simulados e pratique seu conhecimento quantas vezes for necessário para aprender verdadeiramente o que precisa. Quanto mais familiarizado você estiver com o conteúdo ou a tarefa, mais confiante se sentirá.