Diante do crescimento nos casos de dengue no Brasil nas últimas semanas, as principais farmácias do país registraram um aumento de mais de 200% nas vendas de repelentes para a pele, segundo levantamento da CNN feito junto às empresas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece os repelentes de pele como eficazes para evitar picadas do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue e outras doenças.
O grupo Raia Drogasil registrou um aumento de 246,6% nas vendas na comparação entre a metade deste mês e todo o mês de janeiro deste ano. De dezembro de 2023 a janeiro de 2024, a alta foi de 54,2%. De novembro a dezembro, a elevação foi de 28,6%.
“Nas últimas semanas, com a alta de casos de dengue, nossos estoques baixaram bastante, mas já fizemos um novo grande reforço no estoque”, informa a rede, por meio de nota.
No grupo DPSP, que reúne as drogarias São Paulo e Pacheco, foi contabilizado um aumento de mais de 200% na procura por repelentes em fevereiro de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Notamos que as vendas começaram a alavancar a partir do dia 20 de janeiro e já registramos o aumento de mais de 138% nas vendas diárias, se comparado com o primeiro dia de fevereiro deste ano”, diz Kefren Junior, gerente executivo de Negócios do Grupo DPSP.
Já na Ultrafarma, foi registrada alta de 70% nas vendas entre fevereiro e janeiro deste ano e de 90% na comparação do mês atual com o mesmo período do ano passado.
Aumento nos preços
Segundo pesquisa realizada pelo Procon-SP, os preços médios dos repelentes tiveram alta de 15,78% entre 2023 e 2024.
O Procon alerta para a diferença entre preços de um mesmo produto em diferentes farmácias. Segundo o órgão, o repelente Off de 200 ml foi encontrado a R$ 19,54 e a R$ 35,99 –uma diferença de 84,19%.
Explosão nos casos
Segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde, o Brasil teve em janeiro deste ano 481.509 casos prováveis da doença. No primeiro mês do ano passado, o número era de 93.298. O crescimento é de 416,1%.
Até a tarde da última sexta-feira (16), o país tinha 555.583 casos prováveis de dengue, com 94 mortes confirmadas e 381 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência da doença no Brasil chegou a 273,6 por 100 mil habitantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a situação como epidêmica quando o número de casos passa de 300 por 100 mil habitantes.
Repelentes recomendados
A Anvisa recomenda três tipos de repelentes para a pele para evitar picadas pelo mosquito Aedes aegypti. Segundo a agência reguladora, os produtos indicados devem ter alguma das três substâncias a seguir:
- IR3535, presente em repelentes da Merck;
- DEET (N-N-dietilmetatoluamida), presente em repelentes como Off;
- Icaridina, presente em repelentes como o Exposis.
A Anvisa informa que os pais devem seguir orientação médica para aplicar repelentes em crianças com menos de dois anos. Dessa idade até os 12 anos, o órgão recomenda o uso de repelentes contendo Icaridina ou DEET com concentrações de até 10% no máximo três vezes ao dia.
Clique aqui para ver a lista completa dos repelentes autorizados pela Anvisa.
Repelentes caseiros devem ser evitados
Especialistas ouvidos pela CNN alertam que a população deve evitar fazer uso de repelentes caseiros, como óleos de citronela, lavanda ou melaleuca, pois não possuem eficácia comprovada cientificamente.
“Mesmo que algumas dessas substâncias sejam utilizadas na composição de repelentes industriais, comprovadamente efetivos, não existe nenhuma garantia de que eles sejam eficazes quando utilizados em uma produção caseira”, explica a infectologista Silvana Barros, chefe do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção da Rede Mater Dei de Saúde.
Segundo Mirian Dal Ben, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, existem estudos que mostram que o óleo de citronela tem poder repelente por até duas horas após a aplicação na pele. No entanto, essa eficácia é variável justamente por não haver controle de como esse óleo é manipulado em casa.
Outras medidas preventivas
Além do uso de repelentes, o Ministério da Saúde indica outras medidas para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti e, consequentemente, reduzir a velocidade de transmissão da dengue. Basicamente, deve-se evitar o acúmulo de pontos com água parada, que são criadouros do inseto.
São elas:
- uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
- remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
- vedação dos reservatórios e caixas de água;
- desobstrução de calhas, lajes e ralos;
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