Karla Rayane/ Governo do Tocantins
A Secretaria de Cultura do Tocantins (Secult) vem ampliando o debate sobre a relação entre cultura e preservação ambiental com a divulgação de iniciativas que evidenciam como as manifestações artísticas contribuem para a proteção dos territórios. A ação integra a série “Cultura e Meio Ambiente”, que apresenta projetos comprometidos com o cuidado ambiental e com a valorização das identidades regionais.
Práticas desenvolvidas por pessoas, cooperativas, coletivos e comunidades tradicionais têm demonstrado que a cultura exerce papel decisivo na defesa do planeta, seja pela adoção de métodos sustentáveis, pela transmissão de saberes ou pelo fortalecimento do vínculo entre as pessoas e o lugar onde vivem.
A secretária de Cultura do Tocantins, Regina Reis, enfatiza que integrar cultura e meio ambiente é fundamental para o desenvolvimento do Estado.
“A cultura tem um papel central na agenda ambiental do Tocantins. Quando fortalecemos saberes tradicionais e práticas artísticas que nascem do nosso território, também fortalecemos a relação das pessoas com o ambiente que as sustenta. Os projetos culturais mostram que é possível gerar conhecimento, renda e identidade sem romper com a natureza. Essa integração é estratégica para o desenvolvimento sustentável do Estado”, comentou Regina.
Projetos
Um dos exemplos é a atuação da Cooperativa dos Empreendedores Sociais da Região Norte (Cooperem), em Pau D’Arco. O grupo desenvolve ações que unem arte, economia solidária e proteção dos recursos locais. Para a coordenadora, Amanda Teixeira, a conscientização ambiental tem se intensificado a partir das práticas culturais.
“O nosso trabalho integra cultura e preservação ambiental a partir da compreensão de que não há sustentabilidade sem respeito à diversidade cultural. Buscamos valorizar saberes tradicionais, fortalecer comunidades e incentivar modos de vida sustentáveis. Procuramos promover renda sem degradar o ambiente, estimulando o uso consciente dos recursos naturais e dando visibilidade às populações mais afetadas pelas injustiças climáticas. Usamos a arte e a comunicação como ferramentas de mobilização, fortalecendo a identidade das comunidades e estimulando o bem viver. Não existe preservação ambiental nem sustentabilidade efetiva sem o fortalecimento cultural e identitário das populações,” afirmou Amanda.
Entre as iniciativas apresentadas na série, está também a Exposição “Ecos da Serra”, promovida pela Unitins, por meio do Núcleo Tocantinense de Arqueologia (NUTA). A exposição percorreu cidades como Palmas e Lajeado em 2025, ampliando o acesso da população ao conhecimento arqueológico. Ao destacar a arte rupestre da Área de Proteção Ambiental Serra do Lajeado, a mostra revela símbolos gravados há séculos nas rochas, testemunhos de uma relação profunda entre sociedades ancestrais e a natureza.
Já em Taquaruçu, distrito localizado a 30 km de Palmas, a Companhia de Circo Os Kaco consolidou-se como referência ao unir arte, educação e sustentabilidade. No Centro Cultural Circo Os Kaco, o picadeiro convive com agroflorestas, sistemas de permacultura, horta comunitária e oficinas de bioconstrução. Projetos como “Permacirco” e “Meu Lixo é um Circo” misturam arte circense com educação ambiental, gestão de resíduos, compostagem e agroecologia, criando experiências formativas para crianças, jovens e adultos. Uma aprendizagem sensível e divertida que aproxima a comunidade do cuidado com o Cerrado.
Outro exemplo é o Casarão Mão de Pilão, em Porto Nacional. Mais que um patrimônio histórico, o espaço se tornou um centro de formação e educação ambiental, com oficinas, mostras e atividades que valorizam o território e transformam saberes ancestrais em experiências de pertencimento. Segundo o coordenador, Emerson Jorge, a restauração do Casarão e suas ações pedagógicas adotam práticas sustentáveis.
“A reforma do Casarão, construído com terra batida e paredes de adobe, utiliza técnicas como bioconstrução, tintas de terra, materiais naturais e mão de obra de mestres locais. Ao optar por métodos que respeitam o ciclo da vida, contribuímos para a conservação ambiental e valorizamos modos ancestrais de construir. As oficinas de Argila e Fauna Tocantinense: Bichos do Cerrado, realizadas com o Mestre Taurú em setembro de 2025, reforçam essa integração entre arte, cultura e meio ambiente. Cada ação do Casarão mostra que preservar o patrimônio também é cuidar do meio ambiente”, explicou o coordenador.
No campo da literatura, o projeto “Tocantins Poético e Lendário”, coordenado pela produtora cultural e contadora de histórias, Irma Galhardo, transforma a produção literária regional em instrumento de identidade e educação ambiental. Com uma biblioteca itinerante formada por autores tocantinenses, o projeto percorre escolas, comunidades urbanas e rurais, povos tradicionais e espaços culturais de 30 municípios da Região Norte do país, sendo vinte deles no Tocantins. Por meio de saraus, recitais, encontros literários e doações de livros, a iniciativa cria ambientes de escuta e pertencimento, aproximando palavra e natureza.
Além desses exemplos, muitos outros projetos reforçam a temática. Entre eles, o encontro cultural “Salve Cerrado: Encontro de Culturas e Tradições”, realizado pelo Instituto Puro Cerrado em parceria com a Associação Água Doce; e o projeto “Teatro em Cena pela Saúde e Meio Ambiente”, do grupo Tô no Teatro, que une artes cênicas e educação ambiental para promover reflexão sobre saúde e sustentabilidade.
União que transforma
O conjunto de iniciativas apresentadas mostra que a preservação ambiental é também um compromisso cultural, social e afetivo. Ao valorizar projetos locais, a Secult fortalece a participação das comunidades e amplia a visibilidade de ações que já transformam o cotidiano de diversas regiões do Estado, reforçando que, em tempos de emergência climática, cultura e meio ambiente caminham lado a lado pela proteção do Tocantins.







