Uma das mais novas apostas do universo do skincare vem diretamente da Coreia do Sul, local já conhecido por diversas inovações cosméticas cultuadas ao redor do mundo.
Com a proposta de transformar a textura da pele com praticidade, os chamados cremes com agulhas ou cremes de microagulhamento, prometem simular os principais efeitos do procedimento realizado em consultório dermatológico, mas sem agulhas ou sangue.
Embora a ideia pareça bem tentadora, será que esse tipo de produto, de fato, entrega o que promete? Há algum tipo de contraindicação em seu uso? À CNN, o biomédico Thiago Martins, mestre em Medicina Estética, explica que, antes de mais nada, é necessário entender o que há por trás dessa tendência.Play Video
“Os chamados cremes com agulhas surgiram inicialmente no mercado asiático e europeu como uma inovação cosmética que buscava unir o efeito sensorial do microagulhamento com a praticidade de um produto tópico. Ao longo da última década, seu uso foi incorporado em linhas dermocosméticas voltadas à renovação cutânea e estímulo de colágeno, sendo posteriormente difundido em outros mercados, inclusive o brasileiro”, comenta.
Segundo ele, os produtos são formulações tópicos que contêm microestruturas sólidas e cristalinas — popularmente chamadas de “agulhas” — derivadas de componentes naturais, como esponjas marinhas. Elas não são agulhas metálicas, mas sim microagulhas biológicas que promovem microestimulações mecânicas na pele ao serem aplicadas com massagem.
“A proposta central desses cremes é promover uma esfoliação física controlada e estimular a pele através de microlesões, favorecendo a renovação celular, a síntese de colágeno e a maior absorção de ativos aplicados em seguida. São utilizados principalmente para melhorar textura, viço, acne, poros dilatados e linhas finas”, diz.
De que forma os cremes com agulhas funcionam?
Essas microagulhas provocam uma leve sensação de “pinicação” ao entrarem em contato com a pele, gerando uma ativação local dos processos de reparo tecidual. “Ao mesmo tempo, promovem uma leve descamação e facilitam a permeação de ativos. Elas não permanecem na pele por muito tempo — são eliminadas com a renovação cutânea natural ou ao lavar o rosto”, detalha.
Já o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, garante ainda que o grande segredo do cosmético, está na sinergia entre a ação mecânica das microagulhas e os ativos associados na formulação, como ácido hialurônico, niacinamida, peptídeos ou ácidos renovadores. “Essa combinação confere ao produto uma ação mais potente do que a de um cosmético convencional, sem a necessidade de agulhamento invasivo’, diz à CNN.
Contraindicações
Assim como em qualquer outro processo, é necessário ficar em alerta diante do uso. De acordo com o especialista, o cosmético tem contraindicação e não deve ser utilizados em peles sensibilizadas, com lesões ativas (como herpes ou dermatites), em gestantes, lactantes ou pacientes em uso de isotretinoína oral. “Além disso, deve ser evitados em peles muito reativas ou em casos de rosácea em atividade”, acrescenta.
Embora não seja um procedimento doloroso como o microagulhamento profissional, o uso desses cremes pode causar sensação de ardência, formigamento ou pinicação durante e após a aplicação, especialmente nas primeiras horas. Essa reação é esperada e geralmente autolimitada.
Após a aplicação, recomenda-se, então evitar exposição solar direta, utilizar fotoprotetor de amplo espectro, não manipular a pele com as mãos e evitar o uso de outros ácidos ou produtos agressivos por pelo menos 48 horas. A hidratação e o uso de produtos calmantes também são indicados no pós.
O cosmético não substitui o microagulhamento profissional
Para Lucas, ainda que os cremes com microagulhas proporcionem benefícios e estimulem a pele de forma interessante, eles não alcançam a profundidade, intensidade e controle do microagulhamento profissional, que é um procedimento médico com objetivos terapêuticos específicos. “Portanto, são alternativas complementares, não substitutas”, conclui.