Os preços dos grãos iniciaram a semana em queda na Bolsa de Chicago. Os contratos futuros de soja com entrega para julho caem 0,51%, cotados a US$ 10,6600 por bushel. A queda se deve a condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento das plantas na região do cinturão da soja e do milho americano, em que as previsões indicam chuvas acima da média nas próximas duas semanas.
A queda é limitada pelo óleo de soja, em meio a um novo mandato de biodiesel nos Estados Unidos. A elevação das metas de mistura de biocombustíveis para os próximos três anos, divulgada pela Agência de Proteção Ambiental americana (EPA), surpreendeu positivamente o mercado, ao prever volumes acima das expectativas, afimou o relatório mensal do Itaú BBA, divulgado na última sexta-feira (20/6) e pela demanda de biocombustíveis nos EUA.
Além disso, a intenção de restringir o uso de matérias-primas importadas, como óleo usado da China e sebo do Brasil, também reforça a perspectiva de maior demanda interna por óleo de soja no mercado norte-americano.
Segundo o monitoramento do Itaú BBA, de 1 a 16 de junho, a soja acumulou alta de 0,5% em Chicago, cotada a US$ 10,51 por bushel, enquanto o óleo teve ganhos ainda mais expressivos, sustentado também pela valorização do petróleo diante da intensificação do conflito entre Israel e Irã.
Milho
Os papéis de milho para setembro caem 1,18%, cotados a US$ 4,2050 por bushel.
No mês de maio, as cotações do grão caíram 5,2% no acumulado, para US$ 4,5 por bushel, e na primeira quinzena de junho a queda foi de 2,2%, cotado a US$ 4,4 por bushel, segundo o boletim do Itaú BBA.
Embora alguns episódios de excesso de umidade tenham sido registrados, o desenvolvimento das lavouras segue dentro da normalidade, com atenção agora voltada para julho, quando começa o período crítico da cultura, com polinização e enchimento de grãos. O mercado também acompanha os impactos indiretos do conflito no Oriente Médio sobre os fertilizantes, especialmente a ureia, que tiveram os preços afetados, reitera a consultoria.
Trigo
As cotações do trigo operam em forte baixa em Chicago, de 2,14%, a US$ 5,71 por bushel, refletindo um movimento de realização de lucros por parte dos investidores, após os ganhos registrados na semana passada.
Outro fator de pressão vem do fortalecimento do dólar frente ao euro, que reduz a competitividade do cereal dos Estados Unidos no mercado internacional justamente no momento em que avança a colheita da safra de inverno.
Por outro lado, o ritmo das perdas é limitado pelas tensões no Oriente Médio, onde o envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito aumenta a volatilidade e mantém um piso técnico para os preços.
Os preços do trigo caíram em maio, com média 2% abaixo de abril na bolsa de Chicago, pressionados pelas boas estimativas de produção nos EUA, aponta o Itaú BBA. Em junho, no entanto, o mercado ensaiou reação: o contrato com vencimento mais próximo subiu 2% até o dia 13/06, cotado a US$ 5,4375 por bushel.
Segundo a análise do banco, a alta refletiu preocupações climáticas na Rússia (com geadas), na China (seca e calor), além do atraso da colheita americana por conta de chuvas e o aumento das tensões no Oriente Médio — região com forte dependência do trigo importado.
Conflitos
Segundo a consultoria, no entanto, os conflitos no Oriente Médio ainda devem ser motivo de atenção para o mercado de grãos. A escalada dos ataques no Irã e a recente aprovação, pelo Parlamento iraniano, de uma medida que pode levar ao fechamento do Estreito de Ormuz — rota estratégica por onde transita cerca de 20% do comércio global — elevaram os preços do petróleo, refletindo diretamente no mercado agrícola, avalia o Itaú BBA.