Nos últimos anos, universidades brasileiras têm incluído obras literárias escritas por mulheres nas listas de leitura obrigatória para os vestibulares.
A Fuvest, por exemplo, vestibular que dá acesso às vagas da USP (Universidade de São Paulo), selecionou apenas obras de autoras mulheres para as listas de 2026 a 2028.
Abaixo, A CNN reuniu as autoras e obras — presentes ou previstas — para ingressar nos principais vestibulares do país. Confira:
Fuvest
A partir do vestibular de 2026, a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular), implementará uma mudança significativa em sua lista de obras obrigatórias: apenas livros de autoria feminina, em língua portuguesa, farão parte da seleção. As escritoras brasileiras contempladas são:
- Clarice Lispector: considerada uma das escritoras mais importantes do século 20, Lispector é conhecida por sua prosa introspectiva e experimental, que explora temas como a identidade, a existência e a condição feminina. Sua obra “A paixão segundo G.H.” (1964) estará presente nas listas de 2027 e 2028.
- Lygia Fagundes Telles: mestre do conto e do romance, Telles é conhecida por sua escrita envolvente e personagens complexos. O livro “As Meninas” (1973) faz parte da lista de 2026.
- Rachel de Queiroz: uma das principais representantes da literatura social nordestina, Queiroz aborda em suas obras temas como a seca, o misticismo e a luta pela sobrevivência. As obras “Caminho de pedras” (1937) e “João Miguel” (1932) constam nas listas de 2026, 2027 e 2028.
- Conceição Evaristo: importante voz da literatura contemporânea brasileira, Evaristo aborda em seus livros temas como racismo, desigualdade social e a experiência da mulher negra. A obra “Canção Para Ninar Menino Grande” (2018) será cobrada nos próximos vestibulares da USP.
- Nísia Floresta: considerada a primeira educadora feminista do país, Floresta lutou pelos direitos das mulheres e denunciou as injustiças sociais de sua época. As obras “Opúsculo Humanitário” (1853) e “Conselhos à minha filha” (1842) também estão nas listas de 2026 a 2028.
- Narcisa Amália: poetisa, jornalista e educadora, Amália foi uma das primeiras mulheres a atuar profissionalmente como jornalista no Brasil. Sua obra “Nebulosas” (1872) integra as listas de 2026 até 2029.
- Julia Lopes de Almeida: escritora, cronista e teatróloga, Almeida foi uma das precursoras da literatura infantil no Brasil. O livro “Memórias de Martha” (1899) está presente nas listas de 2026 a 2028.
Unicamp
A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no vestibular de 2025, também incluiu em sua lista de leituras obrigatórias as seguintes obras de escritoras brasileiras:Play Video
- Conceição Evaristo: a obra “Olhos D’água” (2014), com seus contos que exploram a realidade da mulher negra no Brasil, é uma das leituras cobradas.
- Paulina Chiziane: a escritora moçambicana, radicada no Brasil, tem sua obra “Niketche: Uma História de Poligamia” (2002) incluída na lista da Unicamp. O livro, narrado por uma mulher que descobre a poligamia de seu marido, aborda temas como tradição, modernidade e a condição feminina em Moçambique.
Outros vestibulares
- UFPR: o vestibular da Universidade Federal do Paraná inclui em sua lista de 2025 o livro “A falência” (1905), de Julia Lopes de Almeida.
- UFSC: a Universidade Federal de Santa Catarina, na seleção de 2025, exige a leitura de “Solitária” (2020), de Eliana Alves Cruz, e “Parque Industrial” (1933), de Pagu (Patrícia Galvão).
- UFRGS: o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul cobra, em 2025, as obras “Niketche: Uma História de Poligamia”, de Paulina Chiziane, e “Água Funda” (1946) de Ruth Guimarães.
- UEL: a Universidade Estadual de Londrina também inclui, em 2025, o livro “Niketche: Uma História de Poligamia”.
- UESB: a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia exige, para o vestibular de 2025, a leitura de “Laços de Família” (1960), da autora Clarice Lispector, e “Não Vou Mais Lavar os Pratos” (2005), de Cristiane Sobral.
- UFGD: já a Universidade Federal da Grande Dourados colocou na seleção de leituras obrigatórias para 2025 o conto “A Caçada”, de Lygia Fagundes Telles.