Em seu nono levantamento de projeção de safra nacional de grãos para 2023/24, divulgado nesta quinta-feira (13/6), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu as estimativas de produção em 7% (ou 22,27 milhões de toneladas), para 297,54 milhões de toneladas. De acordo com a Conab, a quebra é decorrente dos problemas climáticos e leva em consideração as perdas ocasionadas pelas fortes chuvas e inundações no Rio Grande do Sul.
Um dos cultivos que gerava mais preocupação é o arroz, já que o Rio Grande do Sul responde por 70% da produção brasileira. Porém, a redução das estimativas não foram expressivas, porque a colheita já está praticamente encerrada, com 99,2% das áreas já colhidas.
Segundo a Conab, por causa das chuvas no Rio Grande do Sul, a produtividade média teve recuo de 2% entre o oitavo e o nono levantamento, saindo de 6,66 quilos por hectare para 6,5 quilos por hectare.
Com isso, a autarquia espera uma produção de 10,39 milhões de toneladas de arroz no Brasil ara o ciclo 2024/25, uma leve redução de 0,9% em relação ao último levantamento (10,49 milhões de toneladas). Dessa forma, a produção de arroz nesta safra deverá ser 3,6% maior do que a de 2022/23, que atingiu 10,03 milhões de toneladas.
“De maneira geral, houve aumento na área plantada em comparação ao total semeado na temporada anterior, algo motivado à época da semeadura pela expectativa de bons preços praticados no mercado do cereal. Porém, o rendimento médio deverá ficar comprometido por conta dos danos às lavouras sul-rio-grandenses”, explica a entidade.
Soja
No caso da soja, que a colheita está finalizada, a estimativa da produção estimada em 147,35 milhões de toneladas, redução de 4,7% (7,26 milhões de toneladas) em relação à safra anterior. Em relação ao boletim de maio, quando a Conab previa queda de 4,5%, a quebra esperada aumentou levemente. No atual ciclo, a área semeada para a oleaginosa foi maior, mas o clima adverso prejudicou a produtividade média no país.
No Rio Grande do Sul, quarto maior produtor da oleaginosa do país, a redução foi de 1,7 milhão de toneladas e, se os números se confirmarem, a safra finalizará em pouco mais de 20,2 milhões de toneladas.
“Quando começaram os levantamentos, estava com ótimas perspectivas de produção, mas nos últimos dois tiveram essas reduções expressivas”, afirmou o analista da Conab, Marco Antônio Chaves. “As chuvas provocaram atraso da colheita, dificuldade da entrada nas máquinas de campo e debulho de grãos”, acrescentou.
No entanto, considerando que 75% das áreas do Rio Grande do Sul estavam colhidas antes das chuvas, o prejuízo à produtividade média não foi tão severo, mas é responsável por uma redução na expectativa de produtividade média de 9% em relação ao último bolelim, passando para 2.985 kg/ha. Mesmo assim, esse resultado seria 50,3% maior do que os 1.986 kg/ha registrados na safra 2022/23, afetada pela estiagem causada pelo fenômeno La Niña.
Segunda safra
Os cultivos de segunda safra, que tiveram a colheita iniciada, têm apresentado melhores produtividades e, ao se comparar a estimativa divulgada nesta quinta-feira com a publicada em maio, é verificado um aumento de 2,1 milhões de toneladas, com destaque para milho, algodão em pluma e feijão.
Para o milho de segunda safra, as estimativas para a produção total está em 114,14 milhões de toneladas. A colheita do produto neste ciclo atinge cerca de 7,5% da área semeada, conforme indica o Progresso de Safra divulgado nesta semana pela Companhia. Em paralelo, o nono levantamento mostra que há uma disparidade das condições climáticas registradas pelo país, embora a verificação nos principais Estados produtores é de uma melhora na produtividade.
A falta ou redução de chuvas em Mato Grosso do Sul, São Paulo e noroeste do Paraná provoca quedas no potencial produtivo. Enquanto, em Mato Grosso, Pará, Tocantins e parte de Goiás, as precipitações bem distribuídas ajudam a melhorar produtividade média.
O clima também tem favorecido o algodão, cujas lavouras se encontram predominantemente nos estágios de formação de maçãs e maturação, aponta a Conab. Nesta temporada, a área semeada está estimada em 1,94 milhão de hectares, crescimento de 16,9%, o que influencia na expectativa de incremento de 15,2% na produção da pluma, podendo chegar a 3,66 milhões de toneladas.
Para o feijão, a autarquia espera um incremento de 9,7% na produção total na temporada 2023/2024, ultrapassando as 3,3 milhões de toneladas. Apenas na segunda safra da leguminosa, a estatal prevê alta de 26,3% no volume a ser colhido, impulsionado pelo cultivo dos feijões preto e do caupi, que devem apresentar uma colheita de 589,4 mil toneladas e 462,8 mil toneladas respectivamente.
Entre os cultivos de inverno, a Conab indica que o plantio de trigo atinge 46,8% da área. No Rio Grande do Sul, maior estado produtor do cereal de inverno, os trabalhos nesta safra estão prejudicados pelas condições climáticas que ainda não são favoráveis devido ao excesso de umidade que impossibilita o manejo das áreas a serem semeadas.
Neste levantamento, a Conab manteve praticamente estáveis as projeções do quadro de suprimentos da safra 2023/2024para os principais produtos analisados.
Comentários sobre este post