A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) manteve praticamente inalterada a projeção total de colheita para a safra 2024/25 para 322,3 milhões de toneladas de grãos. Se confirmado, o volume será um novo recorde e 8,2% superior ao resultado de 2023/24 ou de 24,5 milhões de toneladas a mais. Os dados fazem parte do quarto levantamento da safra, divulgado nesta terça-feira (14/1).
De acordo com a estatal, o bom desempenho da safra de grãos acompanha o clima favorável registrado durante o desenvolvimento das culturas de primeira safra.
A estimativa de área de plantio ficou inalterada no documento, com 81,4 milhões de hectares, ao somar todos os ciclos de produção. Isso corresponde a um acréscimo de 1,45 milhão de hectares ou 1,8% em relação à temporada anterior.
“Com a conclusão da semeadura das culturas de primeira safra nos principais Estados produtores, as atenções se voltam para a evolução das lavouras e os efeitos do comportamento climático. Já a semeadura das culturas de segunda safra tem início a partir de janeiro, conforme a colheita da primeira safra avança, e as de terceira safra e inverno, a partir de abril. Portanto, as previsões atuais, de área e de produção, vão depender, além da ação climática, também do comportamento do mercado”, apontou a Conab no documento divulgado nesta terça-feira.
Soja
A Conab praticamente manteve a projeção para a safra de soja do país, com um acréscimo de 0,1% sobre a estimativa divulgada em dezembro de 2024, para 166,33 milhões de toneladas. Se confirmado, representará acréscimo de 12,6% ou 18,61 milhões de toneladas em relação à colheita da temporada 2023/24.
“Após um ano de quebra na safra, o atual ciclo tende a recuperar a produtividade média das lavouras. Para esta temporada, é esperado um desempenho médio de 3.509 quilos por hectare, frente aos 3.201 kg/ha registrado em 2023/24”, diz a Conab no documento.
A semeadura da soja, principal produto do agronegócio nacional, foi praticamente concluída, com 47,37 milhões de hectares, cerca de 99% da área prevista. A colheita já foi iniciada na Bahia, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas o ritmo está abaixo do que o apurado na mesma época do ano passado: 0,3% das lavouras ante 1,7% em 13 de janeiro de 2024.
“O plantio da oleaginosa ocorreu de forma concentrada, principalmente, a partir do final de outubro. Com isso, a colheita também deve ocorrer, em sua maior parte, a partir do final de janeiro. As condições climáticas, no período analisado, vêm favorecendo a cultura até o momento, mas a Conab ainda mantém as atenções para os efeitos do comportamento climático até a finalização dos trabalhos de colheita do grão”, aponta a estatal.
Milho
Em relação ao milho, a Conab estimou que a produção será de 119,6 milhões de toneladas, 3,3% acima da safra anterior. Apenas no primeiro ciclo do cereal, é esperada uma colheita de 22,53 milhões de toneladas. A semeadura da primeira safra do cereal já ultrapassa 87% da área e as condições climáticas, nas principais regiões produtoras, favorecem as lavouras. A estatal projeta uma redução de 6,4% na área semeada neste primeiro ciclo, de 3,71 milhões de hectares.
A colheita do milho primeira safra começou em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas o ritmo também é mais lento do que na temporada anterior. Foram colhidos 2,3% da área total contra 6,8% no mesmo período de 2024.
Segundo a companhia, a produtividade média do milho primeira safra deve crescer 4,8% e chegar a 6.062 quilos por hectare. “As precipitações frequentes, intercaladas com períodos de sol, favoreceram o desenvolvimento da cultura nas principais regiões produtoras”, relata a empresa no documento. Os plantios da segunda e terceira safras do cereal terão início a partir deste mês e abril, respectivamente.
Algodão
O cenário também ficou inalterado para o algodão. As indicações da Conab são para aumento de 3,2% na área cultivada, para 2 milhões de hectares, e colheita de quase 3,7 milhões de toneladas de pluma. A produtividade, ao contrário das culturas de soja e milho, deve cair 3,1%, para 1.845 quilos por hectares.
Arroz e feijão
Nas lavouras voltadas ao consumo nacional, a Conab reduziu levemente a projeção de colheita de arroz, para 11,98 milhões de toneladas. Ainda assim, se confirmado, o volume será 13,2% superior ao do ciclo passado. O aumento é resultado de uma elevação de 8,5% na área de plantio, estimada em 1,74 milhão de hectares. A produtividade também deve evoluir 4,3%, para 6.869 quilos por hectare.
No caso do feijão, a Conab elevou em 1,3% a estimativa da colheita em relação à projeção de dezembro de 2024, para 3,4 milhões de toneladas. Se confirmada, a colheita será 4,9% superior à da safra 2023/24, puxada principalmente pelo primeiro ciclo da leguminosa (existem três), que pode colher volume 15,5% maior nesta temporada e passar de 1 milhão de toneladas. A colheita deste primeiro ciclo da cultura já está em andamento, com 19,4% da área concluída na primeira semana de janeiro.
A área plantada de feijão no país deve chegar a 2,9 milhões de hectares, acréscimo de 1,7% sobre a safra anterior. O principal incremento (5,4%) deve ser na primeira safra, podendo chegar a 908 mil hectares.
Lavouras de inverno
Já a colheita das lavouras de inverno da safra 2024 foi finalizada. Para o trigo, principal produto cultivado, a produção foi estimada em 7,89 milhões de toneladas, 2,6% abaixo do resultado obtido na safra anterior.
A queda foi ocasionada, principalmente, pela redução de 14,2% na área de plantio dos Estados da região Sul, que representam 85,4% da área ocupada com trigo no país, aliada ao comportamento climático desfavorável durante todo o ciclo da cultura no Paraná e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, explicou a Conab.
A estatal ressaltou, no documento, que as primeiras estimativas das culturas de inverno, para a safra atual, serão publicadas em fevereiro de 2025. Por enquanto, assume-se o estimado para a safra 2024 como a previsão para 2025.