Na natureza, o longo, belo e colorido bico do tucano tem as importantes funções de permitir à ave alcançar alimentos em lugares difíceis e afastar predadores. Já na criação comercial, esse aspecto da anatomia do animal é o maior responsável pelos lucros da atividade.
A beleza que se destaca na face do pássaro é o que mais chama atenção no animal, que tem o corpo coberto por penas negras. Como se fosse um adereço que o tucano carrega na boca por onde voa, o bico poroso e leve é mais conhecido pela cor amarela, mas há outras colorações, que aumentam as possibilidades de renda do criador que optar pela venda de espécies diferentes.
Integrante da família Ramphastidae, a ave é originária da região que se estende do México até a Argentina. No Brasil, seus representantes são as espécies Ramphastos toco (bico amarelo), Ramphastos vitelinus (bico preto), Ramphastos dicolorus (bico verde) e Ramphastos tucanus (bico amarelo e preto). O contraste das cores dá ao pássaro uma aparência exótica, e todas as espécies são valorizadas no mercado de animais de estimação e ornamentais.
Muitos compradores levam um tucano para criá-lo em sítios, chácaras, fazendas e outras propriedades rurais. Mas o pássaro também é apreciado em residências e estabelecimentos de áreas urbanas, nos quais ajuda a dar ao local um aspecto mais associado à natureza– e com um representante legítimo da exuberante fauna do continente. A ave também desperta interesse por ser curiosa, alerta e inteligente– ela tem capacidade de aprender truques simples –, viver em viveiros e ter uma expectativa de vida de cerca de 20 anos.
Se o tucano se mostrar inquieto, um jeito de acalmá-lo é acariciar sua nuca. O pássaro também gosta muito de ter uma banheira para poder se refrescar em dias de calor excessivo, embora ele aprecie banhar-se até em dias frios. Uma alternativa para esse objetivo é usar um borrifador de água. Na alimentação, frutas diversas não podem faltar.
Ainda que a lida com o pássaro não exija muito do criador, nos últimos anos surgiram técnicas e produtos para atender ainda melhor à demanda crescente. Esse quadro é bem diferente do cenário de algumas décadas atrás, quando o manejo ainda era incipiente.
Na década de 1990, havia um número reduzido de viveiros profissionais, localizados apenas nas regiões Sudeste e Sul do país. Atualmente, a ave pode ser tratada com ração industrializada de qualidade superior e há mais informações sobre os cuidados necessários para o pássaro ter uma vida saudável.
Mas, antes de tomar qualquer deci-são, o interessado precisa obter autorização do órgão ambiental responsável: como o tucano é uma ave silvestre, só se pode criá-lo em cativeiro se o criatório for legalizado. Outra recomendação é contar com o acompanhamento de um profissional (zootecnista, biólogo ou médico-veterinário) especializado que atenda a criação.
Mãos à obra
Início: A compra de matrizes e reprodutores para começar uma criação de tucanos deve ocorrer em estabelecimentos legalizados. Certifique-se de que a documentação para o funcionamento do local de venda esteja dentro da lei. Também é preciso obedecer à legislação ambiental de cada estado para a implantação do novo criatório, o que é possível fazer com o auxílio de um técnico em projetos. Na compra, dê preferência a aves saudáveis e bem tratadas de um viveirista com referências. Filhotes são mais fáceis de domesticar e de formar casais, que permanecem sempre juntos, já que a espécie é monogâmica.
Ambiente: Ave tropical, o tucano gosta de viver em lugares de clima quente. A instalação de criatórios para a venda do pássaro é indicada para locais em que a temperatura média anual é de 28°C. No caso de o termômetro passar de 32 °C ou cair abaixo de zero, leve a criação para outro ambiente. Evite também que haja correntes de ar: o tucano é sensível às alterações climáticas e pode adoecer.
Estrutura: Se houver espaço sobrando no local escolhido para a criação, uma opção é construir um viveiro de 6 metros de comprimento, com 2,5 a 3 metros de largura e 3 metros de altura. Cubra um terço da instalação com telhas de barro, por exemplo, para oferecer uma área de sombra e de proteção contra chuva. Dentro, inclua poleiros de diversos diâmetros e em posições diferentes, além de caixas de madeira para serem usadas como ninho, esconderijo ou local para a ave dormir. A estrutura deve contar ainda com divisória até a formação do casal – isso impedirá brigas. Se escolher gaiolas para colocar os pássaros enamorados, dê preferência às de tamanho grande, para os animais se acomodarem melhor. O fundo tem de ser de grade removível, a fim de facilitar a limpeza diária do espaço, em que se espalha areia.
Alimentação: Há no varejo especializado ração extrusada e específica para tucano; as quantidades por dia devem seguir as recomendações que os fabricantes indicam na embalagem. Além disso, forneça também frutas picadas diariamente, evitando as cítricas. Comer insetos é outro hábito alimentar do pássaro, uma espécie omnívora. Deixe à disposição água limpa e fresca à vontade.
Reprodução: Pode começar quando o tucano tiver entre três e cinco anos de idade, a depender da variedade do pássaro. Em geral, a reprodução concentra-se nos meses de primavera e verão. Para cortejar a fêmea, o macho tanto se utiliza do ritual de esconder o bico sob as asas e levantar o rabo em forma de leque quanto regurgitar alimento no bico da companheira. Em comum aceite, o casal aproxima os bicos e, juntos, os animais arrumam o ninho para até duas posturas anuais, com possibilidade de se estender para uma terceira. Cada uma delas gera de dois a quatro ovos. Deve-se retirá-los do ninho após a segunda postura e antes de começar o choco, de cerca de 18 dias.
- Criação mínima: comece com três machos e três fêmeas
- Custo: o preço da ave pode ficar entre R$ 15.000 e R$ 20.000
- Retorno: as vendas de filhotes podem começar em três a cinco anos
- Reprodução: dois a quatro ovos por postura
- Onde comprar: Com criadores legalizados e com referências