O nível do Guaíba voltou a subir e atingiu a cota de alerta (3,15 metros) em Porto Alegre na noite de quarta-feira (19). De acordo com a medição realizada às 22h pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a marca chegou em 3,15 metros no trecho da Usina do Gasômetro. Às 3h15, estava em 3,23 metros.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), de 0h às 7h de quarta, choveu 57,8 milímetros na estação do Jardim Botânico e 64,2 milímetros na Belém Novo. Os maiores transtornos são registrados na Zona Norte da capital, onde a água invadiu casas dos bairros Vila Farrapos e Humaitá.
Os cenários de previsão já indicavam retorno a um patamar superior aos 3 metros. De acordo com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a elevação é decorrente das chuvas dos últimas dias, o que causou aumento nos volumes dos rios afluentes e nos níveis previstos para o Guaíba.
Em 7 de junho, o Guaíba ficou abaixo da cota de alerta pela primeira vez em mais de um mês. Seis dias antes, o lago ficou abaixo do nível de inundação (3,60 metros), o que, até então, não ocorria desde 2 de maio.
O Guaíba atingiu níveis históricos ao longo de maio devido aos temporais que assolaram o Rio Grande do Sul. Antes, o ponto mais alto a que havia chegado o lago tinha sido de 4,76 metros em 1941. Agora, a maior marca registrada é de 5,35 metros, atingida em 5 de maio.
A tragédia climática matou 177 pessoas, deixando 37 desaparecidas e 806 feridas. Quase 400 mil seguem fora de casa. Cidades foram devastadas: 478, de um total de 497 municípios, sofreram algum tipo de dano. O estado soma bilhões de reais em prejuízos.
Novas cotas de inundação
O governo do Rio Grande do Sul alterou, no fim de maio, a cota de inundação do Guaíba para 3,60 metros. O nível contrasta com a cota de 3 metros anteriormente informada, que pertencia à régua do Cais Mauá, desativada após a cheia do dia 2 de maio, às 23h. A cota de alerta também passou de 2,50 para 3,15 metros.
Em 3 de maio, uma régua emergencial foi instalada mais ao sul da Capital, na estação Usina do Gasômetro. A outra régua, que estava no cais, apresentou problemas. Até então, o medidor preservava as mesmas métricas da antiga estação, instalada em 2014.
A revisão não muda as medições já observadas, como o recorde de 5,35 metros registrado em 5 de maio. O que muda é que esse valor agora deve ser comparado à cota de inundação de 3,60 metros, e não mais ao valor antigo, de 3 metros.
O governo detalha que os critérios estabelecidos para a instalação do medidor emergencial foram:
- acesso fácil;
- transparência;
- capacidade de interpretação dos dados por equipes de monitoramento.
Explicação
O professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS afirma que as réguas são equivalentes. Ou seja, quando a cota de inundação atingir 3,60 metros na estação emergencial, a do Cais Mauá registrará 3 metros. Com isso, não haveria grandes alterações nas comparações entre as cheias de 1941 e a deste ano.
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