O avanço do desmatamento está colocando em risco a qualidade da água que chega aos lares brasileiros, além de ameaçar a vida aquática. Um estudo recente da Embrapa Meio Ambiente analisou três riachos da Bacia do Rio Jaguari, em Minas Gerais, parte integrante do sistema Cantareira, que abastece cerca de 8,8 milhões de pessoas apenas em São Paulo.
A pesquisa revelou uma correlação direta entre a interferência humana nos arredores das nascentes e o impacto nos cursos d’água e espécies aquáticas. Práticas como desmatamento e uso irregular de defensivos agrícolas foram identificadas como principais fatores de degradação.
Impactos na qualidade da água
Os pesquisadores observaram que a retirada da mata ciliar – aquela que corre junto a margem dos rios – resultou em alterações significativas no ambiente aquático. “A gente verificou principalmente que a retirada da mata ciliar ocasionou algumas alterações nesse ambiente aquático. Por exemplo, aumento da temperatura da água, aumento de fosfatos e de fertilizantes”, explicou Mariana Guerra – pesquisadora da Embrapa.
A tecnologia empregada nesta pesquisa é utilizada globalmente para antecipar problemas de qualidade da água em mananciais que abastecem áreas urbanas. O método se baseia na variação da tolerância dos organismos aquáticos à poluição e degradação ambiental, permitindo um diagnóstico preciso da saúde dos ecossistemas.
Ameaça à biodiversidade
Além do impacto no abastecimento humano, a biodiversidade aquática está sob séria ameaça. Caso a contaminação das nascentes e a destruição das matas ciliares persistam no ritmo atual, espera-se uma queda acentuada no número de espécies que habitam o ambiente aquático.
O estudo da Embrapa Meio Ambiente serve como um alerta urgente para a necessidade de adoção de práticas mais sustentáveis no manejo da terra. A preservação das nascentes e das matas ciliares é crucial não apenas para garantir o abastecimento de água de qualidade, mas também para manter o equilíbrio ecológico dos ecossistemas aquáticos.
