O clima seco que levanta dúvidas sobre o potencial da safra de grãos na Argentina pautou a alta do milho e da soja na bolsa de Chicago nesta quarta-feira (29/1). No caso da oleaginosa, os contratos para março fecharam em elevação de 1,48%, para US$ 10,6050 o bushel.
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“O clima quente e seco na Argentina vem dando suporte para a soja nos últimos dias, já que coloca uma preocupação com a safra local”, diz Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro do Itaú BBA.
O atraso na colheita da safra no Brasil é outro ponto de atenção dos investidores. Mas, segundo Queiroz, já há uma visão otimista para o andamento dos trabalhos em campo.
“Chicago vem precificando esse atraso na colheita de soja, porém, os trabalhos avançaram bem na semana passada, especialmente em Mato Grosso, reduzindo o ritmo mais lento do início da operação”.
Em que pesem todas as preocupações com as safras no Brasil e Argentina, para o analista do Itaú BBA, a tendência ainda é de queda para a soja no médio prazo.
“O Brasil segue com perspectiva otimista para a safra, com exceção de algumas áreas do Sul e Mato Grosso do Sul. A América do Sul deve produzir 20 milhões de toneladas de soja a mais neste ciclo. Então se a gente supor que haverá uma quebra de 5 milhões, ainda temos um balanço de oferta bem confortável”, observa.
Milho
O preço do milho avançou na bolsa de Chicago em meio a perspectivas desfavoráveis para a produção. Os contratos para março fecharam em alta de 2,42%, para US$ 4,97 o bushel.
Para Francisco Queiroz, o estopim para alta no preço do milho em Chicago foram as revisões de safra nos Estados Unidos, promovidas pelo Departamento de Agricultura americano (USDA). Esse fator, combinado com a demanda aquecida, e com o alerta do clima ruim na Argentina, está mantendo os preços do cereal em patamares elevados, segundo ele.
“O milho americano hoje é muito mais barato que o brasileiro. Nossa safra está com o plantio atrasado, e como há concentração de demanda muito grande pelo produto dos EUA, isso acaba ajudando para o movimento de sustentação em Chicago”, pontua.
Trigo
O trigo registrou forte alta na bolsa de Chicago na sessão de hoje. Os contratos com vencimento em março subiram 3,16%, para US$ 5,6250 o bushel.
A alta do cereal pode ser explicada por uma redução prevista nas exportações do maior fornecedor mundial, a Rússia. A consultoria russa SovEcon estima que os embarques atinjam 2,10 milhões de toneladas em janeiro, abaixo das 3,40 milhões de dezembro e também menor que as 4,10 milhões despachadas em novembro.
As exportações de trigo no país caíram acentuadamente após o governo russo estabelecer valores mínimos para as vendas externas do cereal. Afora isso, também há preocupações com o desenvolvimento das lavouras em áreas dos EUA e Ucrânia, segundo Francisco Queiroz, do Itaú BBA.