Após registrar atrasos no plantio do milho safrinha devido ao impacto da seca durante o desenvolvimento da soja plantada no início da temporada, o Maranhão passou a sofrer com as chuvas nas últimas semanas quando 30 municípios declararam estado de emergência devido às condições climáticas.
De acordo com o professor aposentado da Universidade Estadual do Maranhão e assessor técnico da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão e do Senar, César Viana, a previsão inicial é de uma queda de 15% na produção de milho do Estado e de 5% na produção de soja devido aos problemas enfrentados ao longo do desenvolvimento das lavouras.
“Agora no final vieram as chuvas e acabou havendo problema de inundação em algumas cidades, mas elas não afetaram a produção. Ela foi afetada no começo, pelo plantio tardio da soja que acabou gerando apreensão nos agricultores”, explica Viana. Segundo ele, a instabilidade climática fez com que muitos sequer plantassem a safrinha de milho este ano no Estado.
De acordo com a última estimativa da Conab, divulgada em abril, o Maranhão deve colher 7,23 milhões de toneladas de grãos em 2023/24, queda de 1,7% em relação ao ciclo anterior. No caso do milho, a quebra esperada pelo órgão oficial é de 10,3%, com 2,8 milhões de toneladas, enquanto para a soja a projeção é de aumento de 4,4% na produção, para 4 milhões de toneladas.
Procurada, a Aprosoja Maranhão afirmou que aguarda informações para dimensionar o impacto das últimas chuvas no Estado. Em nota, o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), minimizou o impacto das chuvas na última quinta-feira (9/5) destacando que nenhuma cidade maranhense se encontra debaixo d’água e que todas as famílias que estavam desabrigadas já retornaram para suas casas.
“Temos 30 municípios em situação de emergência, em que a própria gestão municipal consegue atuar, e os decretos municipais têm período de seis meses de duração; apenas um município decretou estado de calamidade pública, Santa Inês, em razão de uma rodovia federal ter sido cortada. A cidade recebeu todo apoio do governo federal e do nosso governo”, destacou Brandão.
O comunicado causou estranheza ao secretário de agricultura de Monção, Jonsson Matos, um dos 30 municípios que decretaram estado de emergência na última semana. “Acredito que o governador é bem assessorado, deve ter uma equipe boa para assessorar ele nesse sentido, mas a gente aqui na região não vimos dessa forma”, pontuou o secretário.
Dentre os principais impactos da chuva, ele destaca perdas em lavouras de mandioca e arroz de várzea, além da criação animal. “Foi bastante perdas mesmo. Encheu muito rápido, bastaram duas chuvas para detonar tudo. Teve caso de produtor com cinco tanques de peixe que perdeu tudo”, comenta Jonsson. De acordo com o assessor técnico da Faema, as enchentes já haviam provocado perdas na safra de arroz do Estado nesta safra, sobretudo na região de Santa Inês – único município a decretar Estado de calamidade na última semana.
“A cultura do arroz expandiu bastante em Santa Inês na região da baixada, onde o arroz tem duas safras por ano: uma de sequeiro e outra irrigada. Mas a de sequeiro deste ano teve uma pequena perda, e cerca de 3%, porque houve algumas enchentes exageradas”, explica Viana.
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