O Governo do Amazonas divulgou nesta segunda-feira (14/7) um boletim com informações sobre a cheia que afeta o Estado. O informe indica mais de 133 mil famílias afetadas diretamente – cerca de 530 mil pessoas, além de 42 municípios em emergência, 13 em alerta, um em atenção e seis em normalidade.
Chuva no Amazonas causa cheio do rios e coloca 42 Estados em emergência. Produção agrícola é impactada e perdas estão sendo contabilizadas
O Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais informou que, das nove calhas de rios do Amazonas, três já estão em processo de redução: Juruá, Purus e Madeira. As demais seguem em processo de cheia.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), as produções mais comprometidas são: mandioca, melancia, fibras, banana, milho, feijão e hortaliças (cebolinha, coentro, couve e pepino). O Idam estima que, entre as famílias assistidas pelo instituto, cerca de quatro mil sofreram perdas devido ao alto nível dos rios.
“Vale destacar que essas produções ocorrem, em sua maioria, em áreas de várzea, que são fortemente afetadas por conta da cheia. O volume das perdas continua em fase de levantamento”, informou em nota enviada à Globo Rural.
Os municípios que mais sofreram com as perdas agrícolas estão localizados nas regiões do Alto Solimões: Amaturá, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tabatinga e Tonantins; no Purus: Beruri, Boca do Acre, Canutama, Lábrea, Pauini e Tapauá; no Madeira: Manicoré, Borba, Novo Aripuanã, Apuí e Nova Olinda do Norte; e no Baixo Solimões: Manacapuru, Manaquiri, Iranduba, Codajás, Anori e Anamã.
O Idam ainda não projeta o valor total do prejuízo para o Estado, mas afirma que está em andamento um levantamento para contabilização de danos por meio das 75 unidades locais e postos avançados do órgão espalhados pelo Amazonas.
Para a retomada das atividades dos agricultores familiares afetados, a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) vai desembolsar R$ 970 mil para fornecer kits com sementes de hortaliças e frutíferas para quatro mil produtores.
Além disso, será concedida anistia de dívidas para produtores rurais atingidos pela cheia dos rios junto à Agência de Fomento do Amazonas (Afeam), e ofertadas novas linhas de acesso ao crédito rural, informou a Sepror.
Situação dos municípios
Emergência: Alvarães, Amaturá, Anamã, Anori, Apuí, Atalaia do Norte, Barreirinha, Benjamin Constant, Boa Vista do Ramos, Boca do Acre, Barcelos, Borba, Caapiranga, Carauari, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Coari, Eirunepé, Fonte Boa, Guajará, Humaitá, Ipixuna, Iranduba, Itacoatiara, Itamarati, Itapiranga, Japurá, Jutaí, Juruá, Manacapuru, Manaquiri, Manicoré, Maraã, Nova Olinda do Norte, Novo Aripuanã, Santa Izabel do Rio Negro, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Tonantins, Tefé, Uarini e Urucurituba.
Alerta: Autazes, Beruri, Codajás, Manaus, Maués, Nhamundá, Novo Airão, Parintins, Rio Preto da Eva, São Gabriel da Cachoeira, São Sebastião do Uatumã, Silves e Urucará.
Atenção: Tabatinga. Normalidade: Canutama, Envira, Pauini, Presidente Figueiredo, Lábrea e Tapauá.
Prognóstico
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica chuvas volumosas até o fim da semana no extremo norte da região Norte, o que abrange Roraima e a metade norte do Amazonas. Os volumes podem ultrapassar os 50 milímetros.
Segundo a Defesa Civil do Amazonas, julho de 2025 apresenta baixo risco para a ocorrência de novos desastres geo-hidrológicos causados por chuvas intensas. O cenário está associado ao início da estação seca, caracterizada por baixos volumes de chuva. “Os modelos meteorológicos não indicam a ocorrência de chuvas fora dos padrões esperados para este período”, informou em nota.
Por outro lado, o órgão destacou o processo de vazante – característico desta época do ano – em avanço no sul do Amazonas. Em municípios como Boca do Acre (bacia do Purus) e Itamarati (bacia do Juruá), já há uma “vazante significativa”, que pode resultar em risco de leve a moderado para essas duas bacias no segundo semestre.