O mercado brasileiro de fertilizantes encerra novembro sob um cenário de preços estáveis, demanda contida e mudanças estruturais no comércio internacional do setor. A conclusão faz parte do relatório “CNA Insumos Agropecuários — Edição Novembro/2025”, elaborado pelo Núcleo de Inteligência de Mercado da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo o documento, pela primeira vez, a China ultrapassou a Rússia e tornou-se o principal fornecedor de fertilizantes ao Brasil, impulsionada pelo forte avanço nas exportações de Sulfato de Amônio (SAM) e de formulações nitrogenadas e fosfatadas.
De janeiro a outubro, o Brasil importou 38,3 milhões de toneladas, aumento de 4,6% frente ao mesmo período de 2024. A China foi responsável por 9,76 milhões de toneladas desse volume.
O relatório destaca que o rápido fluxo de cargas chinesas provocou filas superiores a 60 dias para desembarque no Porto de Paranaguá (PR), gerando gargalos logísticos e aumento de custos operacionais.
A CNA aponta que os preços dos principais fertilizantes permanecem sem perspectiva de alta. A demanda enfraquecida em grandes consumidores globais — como Índia, EUA e Brasil — mantém a tendência baixista.
Na parcial de novembro, os preços médios nacionais foram:
- Ureia: R$ 3.435/t
- MAP: R$ 4.887/t
- KCl: R$ 2.879/t
- SSP: R$ 2.077/t
Relações de troca
Com a queda dos fertilizantes ao longo do ano, o relatório indica melhora no poder de compra dos produtores, embora parte das culturas ainda enfrente dificuldades.
O estudo da CNA mostra que o algodão segue em cenário desfavorável, com fosfatados caros e queda na fibra. A soja enfrenta relação de troca apertada, especialmente em negociações com KCl. O café arábica é o único que apresenta melhora consistente na capacidade de compra do produtor.
De acordo com o relatório, até agosto foram entregues 30,5 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil, avanço de 9% sobre 2024. A CNA projeta volume recorde em 2025, influenciado pelo atraso nas aquisições no Rio Grande do Sul — que deve concentrar compras no fim do ciclo.
Para 2026, a expectativa é de nova expansão, sustentada pelo aumento da área plantada e pela perspectiva de mais uma safra recorde no país.







