O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) recuou 3,5% em relação a junho, para 108,9 pontos, segundo levantamento da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) adiantado com exclusividade à CNN.
Já o ICF (Índice de Intenção de Consumo das Famílias) ficou estável, em 105,1 pontos. Apesar da queda, ambos permanecem acima da linha de otimismo, fixada em 100 pontos.
Na comparação com julho de 2024, o índice que mede o otimismo dos consumidores com a economia acumulou retração de 14,7%.
“Com o aumento do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] e a já alta carga tributária no Brasil, a propensão ao consumo diminui e, junto com ela, a confiança para os próximos meses”, afirma Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP.
O ICF também recuou no período, mas de forma mais moderada, com variação negativa de 1%.
Cinco dos sete componentes do indicador registraram alta em julho, com destaque para perspectiva profissional e momento para compra de bens duráveis (ambos 1,7%), perspectiva de consumo (1,2%), nível de consumo atual (1%) e acesso ao crédito (0,5%).
O recuo de emprego atual (-0,8%) e renda atual (-0,6%) indicam percepções de eventual instabilidade no mercado de trabalho e erosão do poder de compra, fator este pressionado pela saúde financeira das famílias, segundo Pina, destacando que cerca de 80% das famílias brasileiras têm algum tipo de dívida, e mais de 20% estão com parcelas em atraso.
“Apesar de emprego e renda estarem em níveis melhores que no ano passado, há a percepção de que esse cenário pode não se sustentar no curto ou médio prazo”, explica.
A pesquisa também revela que entre famílias com rendimento superior a dez salários mínimos, houve uma queda mensal de 1,2% e de 4,2% no comparativo anual, refletindo maior cautela mesmo com estabilidade de renda e crédito.
Já para famílias com até dez salários mínimos, a intenção de consumo aumentou 1,2% no mês e ficou praticamente estável no ano (0,2%).
O ICC também recuou em seus dois subíndices: o ICEA (Índice das Condições Econômicas Atuais) caiu 4,8%, para 102,7 pontos, e o IEC (Índice de Expectativas do Consumidor) cedeu 2,7%, para 113,1 pontos — acumulando baixa de 15,9% em 12 meses.
Apenas mulheres (1,6%) e consumidores com 35 anos ou mais (3,2%) apresentaram melhora na confiança.
Para o assessor da FecomercioSP, os ajustes macroecônomicos para conter a inflação e o temor de desequilíbrios nas contas públicas fazem com que os consumidores e empresas se preparem para momentos dificeis.
“Esses fatores reduzem especialmente a intenção de compra de produtos de maior valor, tendência que dificilmente será revertida no curto prazo”, completou.