De autoria da professora Roberta Tavares de Albuquerque Menezes, residente em Dianópolis, na região sudeste do estado, a Cartilha Educativa: Suça no Quilombo Chapada da Natividade – TO, será lançada no próximo dia 24 de maio.
Publicada pela Editora Veloso, a cartilha terá o seu lançamento a partir das 8 horas da manhã, na Câmara dos Vereadores, na cidade de Chapada da Natividade.
Pesquisa aprofundada
A cartilha é fruto de uma pesquisa aprofundada realizada junto à comunidade quilombola, com destaque para os grupos de suça Mestre Patricinho e Dona Maria, e representa um marco no fortalecimento das tradições culturais e na formação crítica de estudantes e educadores.
Instrumento pedagógico
A autora destaca que a cartilha surge como um instrumento pedagógico fundamental, tanto para escolas quilombolas quanto para não quilombolas. “Para as primeiras, ela representa um material que reconhece e valoriza o saber ancestral, a memória coletiva e os modos de vida que estruturam a identidade dessas comunidades. Já para as escolas não quilombolas, a cartilha atua como ferramenta de formação, conhecimento da História Regional e das raízes culturais do Estado do Tocantins, promovendo o reconhecimento da diversidade étnico-racial e o combate ao racismo estrutural presente no ambiente escolar”, explica a professora Roberta.
Abordagem interdisciplinar
O material propõe uma abordagem interdisciplinar, com sugestões de atividades didáticas, leituras, documentários e práticas culturais, favorecendo o diálogo entre saberes escolares e saberes tradicionais. Além disso, contribui para o cumprimento da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da História em Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas.
O lançamento contará com a presença de mestres da cultura popular, educadores, estudantes e representantes de movimentos sociais. A programação inclui apresentações culturais, roda de conversa com as instituições de ensino e comunidades interessadas.
A professora Roberta assegura que mais do que um simples material didático, esta cartilha é um convite à escuta, ao respeito e à construção de uma escola mais justa, plural e comprometida com a transformação social. “Ela é resultado de um trabalho coletivo, baseado em histórias de vida, resistência, que agora ganham espaço nas salas de aula e de quem acredita na educação como caminho de mudança”, concluiu.
Sobre a autora
Professora de História, pesquisadora, Roberta Tavares de Albuquerque Menezes é uma referência na valorização da cultura afro-brasileira e quilombola no Tocantins.
Natural de Nazaré da Mata -PE, Roberta morou por quase 18 anos em Chapada da Natividade, antes de se mudar definitivamente para Dianópolis, onde reside até hoje. Ela atua como educadora na rede pública estadual há 24 anos, é Mestra em História das Populações Amazônicas pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Sua dissertação, intitulada “A dança da suça: identidade no quilombo de Chapada da Natividade – Tocantins (1988–2023)“, destaca a importância dessa manifestação cultural como símbolo de resistência e identidade comunitária.
Em 2010, Roberta foi a idealizadora do projeto de lei que institui a Semana Cultural e o feriado municipal do Dia da Consciência Negra em Chapada da Natividade, reconhecendo oficialmente a relevância da cultura quilombola na cidade. Além disso, ela fundou o Grupo Cultural Suça das Dianas, um coletivo que promove oficinas e apresentações para crianças e adolescentes, com o objetivo de preservar e difundir a dança da suça, expressão ancestral afro-brasileira presente em cidades antigas e em comunidades quilombolas do sudeste tocantinense.
A publicação de sua cartilha visa fortalecer o ensino da cultura local nas escolas e contribuir para a valorização das raízes afrodescendentes entre as novas gerações.
Com sua atuação incansável, Roberta Tavares se consolida como uma das principais vozes na defesa da memória, identidade e direitos das comunidades quilombolas do Tocantins.