O cantor sertanejo Leonardo, da dupla Léo & Raphael, usou as redes sociais para mostrar como ficou o rosto após sofrer queimaduras durante acidente em um show recente. Em um dos vídeos, ele apareceu passando babosa no local do ferimento. Mas afinal, isso é indicado por especialistas?
Segundo a dermatologista Marina Cintra, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a babosa é uma planta conhecida por propriedades que ajudam na cicatrização, tendo o poder de hidratar e acalmar a pele em casos de queimaduras leves
“Ela reduz a a inflamação e ajuda a aliviar a dor e a ardência, auxiliando na regeneração da pele. Além de refrescante, o gel da babosa forma uma película protetora que ajuda na cicatrização”, explicou.
No entanto, o cirurgião plástico Márcio Fontoura, coordenador da Unidade de Tratamento de Queimados da Santa Casa de São José dos Campos, não indica o uso direto na pele em nenhum caso, principalmente por não ser estéril.
“A razão é o risco de contaminação da ferida por germes que estão no solo e na planta e que podem causar infecções, entre eles o Clostridium tetani, causador do tétano”, disse.
A dermatologista ainda aponta que a pele do rosto é ainda mais sensível do que o normal e pode apresentar reações após o uso in natura. “Usar o gel diretamente da planta no rosto queimado pode causar ardência, vermelhidão ou até alergias”, explica.
“Em casos de queimaduras leves, produtos confiáveis com Aloe vera [nome científico da babosa] podem ser uma ótima opção para aliviar os sintomas e ajudar na recuperação da pele. Mas quando falamos do uso direto da planta, especialmente em peles sensibilizadas ou no rosto, é importante ter cautela”, disse Marina Cintra.
A especialista também ressaltou que em caso de dúvida quanto à gravidade da queimadura, “é fundamental buscar orientação de um médico dermatologista”.
Márcio Fontoura contou que “há vários trabalhos científicos recentes que evidenciam que ela [babosa] pode favorecer a cicatrização, mas os protocolos médicos atuais em Unidades de Tratamento de Queimaduras no Brasil não incluem preparações para esse fim no atendimento de urgência, por não apresentar vantagens significativas sobre outros produtos já consagrados”.
“O fato de a queimadura ser no rosto já é um critério importante para procurar a avaliação médica, pelo risco de lesões das vias aéreas, que podem inchar e serem obstruídas, podendo levar à morte. Existe o risco de lesão do olho, que também é uma urgência médica. […] Não é aconselhável passar nenhum produto para tratamento que não seja orientado pelo médico.”, conclui o especialista.
