Neste mês pouco se fala sobre o Julho Amarelo, campanha que busca conscientizar acerca do tumor ósseo que, embora raro – representa menos de 1% de todos os cânceres, segundo dados da American Cancer Society (ACS) – pode causar sequelas graves se não descoberto e tratado precocemente.
Jovem celebra quatro anos de vida após transplante de medula ósseaA oncologista Laís Mendes explica que as lesões malignas ósseas são classificadas em primárias, quando se formam na referida estrutura, e compreendem, por exemplo, o osteossarcoma e sarcoma de Ewing, muito comuns em crianças; e o condrossarcoma, mais frequente no grupo etário dos 20 aos 50 anos. Histórico familiar da enfermidade é um fator de risco, além de exposição prévia à radioterapia e doença óssea prévia, como doença de Paget.
“Esses cânceres podem atingir qualquer osso do corpo humano, porém existem locais onde a incidência é maior, entre eles os chamados ossos longos, como o fêmur, tíbia, úmero, e, às vezes, a pelve, além de costela e coluna vertebral”. Nas nas lesões secundárias, o desenvolvimento do câncer ocorre em outros órgãos e acomete o osso.
Ainda de acordo com a especialista, que integra a equipe médica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte e região metropolitana, os sintomas iniciais da doença incluem uma dor inespecífica, muitas vezes confundida com outras condições ortopédicas, e gradual, mesmo quando tratada com analgésicos e anti-inflamatórios.
“Fraqueza, perda de peso, febre, dormência e paralisia nos membros superiores e inferiores são outros indicativos que surgem de acordo com o tipo de tumor e sua localização”, destaca a oncologista, acrescentando ser importante procurar ajuda médica na presença de qualquer um desses sinais.
Mendes destaca que o ortopedista, geralmente, é a porta de entrada dos pacientes. O primeiro exame recomendado na investigação, por ser mais simples e acessível, é o raio-X. “Se o exame apresentar alguma alteração, como por exemplo área de destruição óssea, densificação óssea, presença de destruição cortical ou reação periosteal, o próximo passo é realizar uma avaliação mais específica, como a ressonância magnética. Diante de uma ressonância alterada, avalia-se a necessidade de biópsia.”
Com o diagnóstico confirmado, Laís afirma que o passo seguinte é verificar se o tumor está localizado apenas na região onde foi detectado, por meio dos exames de estadiamento oncológico. Dependendo do cenário avalia-se qual a melhor possibilidade de tratamento. Há casos em que a busca pela cura já começa com cirurgia. Ao mesmo tempo, haverá situações em que a quimio e a radioterapia são feitas para, só depois, avaliar a necessidade e viabilidade de uma cirurgia. “É importante ainda a presença de uma equipe multidisciplinar neste acompanhamento, que compreende a presença não só do oncologista como a de um fisioterapeuta, ortopedista, radioterapeuta, psicólogo, além da equipe nutricional para orientar o paciente em diversos eixos.”
A oncologista da Cetus também faz questão de enfatizar sobre a importância de se atentar aos primeiros indícios da doença para, assim, aumentar as chances do diagnóstico precoce. Quando descobertos na fase inicial os sarcomas primários podem ter taxas de cura de 70 a 80%. “Quanto à prevenção, a orientação é a mesma para outros tipos de cânceres, ou seja, priorizar um estilo de vida saudável, com a prática de atividade física, evitar cigarro, bebida alcóolica e manter o peso ideal”.
Por outro lado, Laís alerta que o diagnóstico tardio pode levar a consequências graves como a compressão medular, que ocorre quando a medula espinhal é pressionada pelo tumor causando dor, fraqueza, dormência ou dificuldade de controle da bexiga e intestino. “Sequelas neurológicas e motoras importantes também podem ocorrer com maior frequência, além de fraturas ósseas e dores ósseas difíceis de serem tratadas, comprometendo a qualidade de vida do paciente”.