Pesquisa realizada pela Sociedade Americana do Câncer mostrou que a incidência do tumor colorretal de início precoce em pacientes de 25 a 49 anos está aumentando em 27 dos 50 países e territórios analisados. Os principais crescimentos anuais ocorreram na Nova Zelândia (4%), Chile (4%) e Porto Rico (3,8%). Apesar de o estudo não ter incluído dados do Brasil, especialistas apontam que o aumento da enfermidade em jovens – antes comum em adultos com mais de 50 anos – é um fenômeno global.
A oncologista Daiana Ferraz acredita que este cenário pode ser atribuído a diversos fatores, entre eles uma perceptível mudança de hábitos alimentares na população mundial, que, cada vez mais, vem aderindo dietas ricas em ultraprocessados, carnes vermelhas, gorduras saturadas e pobres em fibras. “O consumo baixo de fibras, inclusive, dificulta a saúde intestinal e a baixa ingestão de frutas, vegetais e grãos integrais reduz a proteção contra a doença”.
Ainda de acordo com a especialista, que faz parte da equipe da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem, alterações na microbiota intestinal devido ao uso excessivo de antibióticos e outros fatores associados também podem contribuir para o aumento da inflamação intestinal. “Apesar de menos comuns, mutações genéticas também se constituem como fator determinante do diagnóstico em pessoas jovens”, completa Daiana, acrescentando que os sintomas mais comuns da doença incluem sangue ou mudança na cor das fezes, alterações no hábito intestinal (diarreia ou constipação persistentes), sensação de evacuação incompleta, dor ou desconforto abdominal persistente (cólicas ou gases), perda de peso inexplicada, fadiga extrema e anemia.
Tratamento
Daiana destaca que, felizmente, os tratamentos contra o câncer de intestino têm avançado. Em estágios iniciais, a doença é combatida por meio de cirurgia e, com isso, a ressecção do tumor pode ser curativa. A quimioterapia, por sua vez, é indicada para fases intermediárias em caráter complementar (adjuvante) a cirurgia e em fases mais avançadas, especialmente quando há metástases (disseminação da enfermidade para outros órgãos). “O mais importante é que a descoberta precoce, por meio de exames como a colonoscopia, pode aumentar em até 90% as chances de cura. Já nas fases avançadas os tratamentos podem prolongar a vida do paciente e melhorar sua qualidade de vida”.
Por fim, a oncologista enfatiza que a prevenção é a chave para reduzir os casos de câncer colorretal. Algumas medidas incluem manter uma alimentação saudável, com alimentos ricos em fibras, além de frutas, vegetais e grãos integrais; e determinar um limite para o consumo de carnes processadas e ultraprocessados. “Praticar exercícios físicos regularmente, controlar o peso, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, também são outros mecanismos preventivos importantes. Igualmente fundamental é fazer exames de rastreamento como a colonoscopia, essencial a partir dos 45 anos ou antes, caso haja histórico familiar da doença, e atentar-se aos sintomas, sem jamais deixar de buscar ajuda médica ao perceber qualquer sinal suspeito. O diagnóstico precoce e a prevenção podem salvar vidas.”