O câncer de fígado é muitas vezes uma doença silenciosa, com sintomas que só costumam aparecer em estágios mais avançados. Ele pode ser de dois tipos: primário, quando começa no próprio órgão, ou secundário, tendo origem em outro órgão. Conhecer os fatores de risco é importante para se prevenir.
Um estudo publicado na revista The Lancet, em julho deste ano, mostra que o número de casos da doença deve quase que dobrar até 2050 — passando dos 870 mil registrados em 2022 para 1,5 milhão nos próximos 25 anos. Mais de 60% dos casos previstos estão ligados a fatores de risco evitáveis.
Principais causas do câncer de fígado
As hepatites virais causadas pelos vírus B ou C são a causa mais comum para o desenvolvimento da doença. Elas podem ser transmitidas entre pessoas através de relações sexuais sem preservativo, transfusões de sangue, compartilhamento de agulhas contaminadas ou de objetos de higiene pessoal (como lâminas de barbear, depilar, alicates de unha, entre outros) ou durante o parto.
“Como forma de prevenção, a vacina contra hepatite B é oferecida gratuitamente pelo SUS. Além disso, apesar de não existir uma vacina para a infecção pelo vírus C, os novos tratamentos, também oferecidos de forma gratuita na rede pública, possuem chance de cura em cerca de 90% dos casos”, explica o oncologista Artur Rodrigues Ferreira, da Oncoclínicas.
O médico pondera que o diagnóstico de hepatite não é decisivo para o surgimento do tumor. Apenas uma parcela dos pacientes irá evoluir para o câncer de fato. “No entanto, adotar medidas de prevenção ao vírus é essencial para frear as estatísticas da doença”, explica Ferreira.Play Video
Além da hepatite, há outros fatores de risco associados ao câncer de fígado. A doença pode ser causada por:
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
- Cirrose (inflamação crônica no fígado);
- Diabetes;
- Tabagismo;
- Fumaça do tabaco
- Uso de esteroides anabolizantes;
- Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), que causa acúmulo de gordura no fígado;
- Algumas doenças hepáticas hereditárias, como hemocromatose (acúmulo de ferro no organismo) e doença de Wilson (acúmulo de cobre no organismo);
- Poluição ambiental;
- Exposição a aflatoxinas (venenos produzidos por fungos que crescem em determinados alimentos quando não são armazenados corretamente e ficam expostos à umidade, como alguns tipos de grãos e castanhas).
Gordura no fígado
Um dos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de fígado é a esteatose hepática, conhecida popularmente como gordura no fígado. O quadro ocorre quando as células do órgão são infiltradas por gordura, causando inflamações. Se não controlada, a situação pode progredir para o câncer de fígado.
“Acredito que 70% das pessoas com gordura no fígado não sabem que estão doentes. Ficar muito tempo com a inflamação pode causar cicatrizes no órgão, levando aos problemas de saúde mais sérios”, alertou o médico Marcos Pontes, da Clínica Evoluccy, em Brasília.
Como se prevenir do câncer de fígado
Entre as principais estratégias para se prevenir contra o câncer de fígado estão o controle do peso, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e estar com a vacinação contra a hepatite em dia.
Também é aconselhado ter uma alimentação com alto teor de fibras (grãos inteiros, cereais, legumes e frutas) e baixo teor em gorduras saturadas para se prevenir contra vários tipos de câncer, como os do intestino, do reto, de mama e o de pulmão, tipos conhecidos por desencadear metástase para o fígado.
No entanto, é importante ter atenção à origem e armazenamento desses grãos. Quando guardados em locais inadequados e úmidos, eles podem ser contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, que produz a substância cancerígena aflatoxina, fator de risco para o hepatocarcinoma.







