Volátil, o mercado futuro de café arábica testa as especulações geopolíticas, em especial a retórica norte-americana das tarifas. Na abertura da sessão desta terça-feira (15/7), os papéis do arábica com vencimento para setembro caem 1,46%, cotados a US$ 2,9735 a libra-peso.
O recuo se dá após uma véspera surpreendente, com alta de mais de 5%, como destacaram analistas do segmento. “Foi uma alta impulsionada pelo robusta, na bolsa de Londres, de mais de US$ 500 dólares por tonelada e o arábica subindo US$ 1,6 mil por tonelada”, exemplifica o sócio-fundador da corretora MM Cafés, Marcus Magalhaes.
Apesar de ter movimentações técnicas de sobe e desce no arábica, o analista aponta para investidores já estarem procurando por estoques certificados sob a especulação das tarifas do governo Trump, principalmente sobre o Brasil.
Um terço do café que entra nos Estados Unidos é de origem brasileira e os pronunciamentos diários do presidente do país levariam as importadoras americanas a recuarem no apetite de compra, fazendo com que o grão que viajaria aos EUA, se converta em estoque. Sob essa especulação, o mercado fica mais volátil. “É uma retórica sem eco”, acrescenta Magalhaes.
Nos negócios do cacau para setembro a queda é de 2,39%, com preços da amêndoa a US$ 8.089. A pressão nas cotações continua sendo as boas condições para a safra principal da Costa do Marfim, maior produtor global.
Os contratos do algodão para outubro estão subindo com mais consistência, mesmo diante de uma queda do petróleo na véspera. Na abertura do pregão, a pluma é precificada a 66,55 centavos de dólar por libra-peso, alta de 0,21%.
De acordo com o boletim da Barchart, os estoques certificados na ICE estão mais baixos, dando suporte às negociações.
Também no campo positivo está o açúcar, que sobe 0,61% e opera a 16,40 centavos de dólar por libra-peso, após uma véspera de queda. O demerara recupera valor em razão de movimentos técnicos do mercado, mantendo sua resistência de 16 centavos de dólar por libra-peso. Segundo o Barchart, a volatilidade vem de uma derrubada dos preços do açúcar nos últimos três meses devido à expectativa de um superávit global da soft commodity.
“Em 30 de junho, a trader de commodities Czarnikow projetou um superávit global de açúcar de 7,5 milhões de toneladas para a safra 2025/26, o maior superávit em oito anos”, analisa o Barchart.