Os preços do café arábica estão em alta devido a safra deste ano ter sido prejudicada devido a seca, defasagem cambial e nervosismo do mercado de acordo com economistas consultados pela CNN.
Os grãos atingiram patamares recordes nesta terça-feira (10), com agentes preocupados com perspectivas da produção do do Brasil após uma das maiores negociadoras da commodity reduzir sua previsão de produção de arábica do país em 2025/26.
Os valores negociados subiram cerca de 80% este ano, impulsionados também por preocupações com safra do Vietnã, maior produtor de robusta, que também teve produtividade afetada por fatores climáticos.
Segundo os especialistas, essa alta deve chegar ao consumidor nas próximas semanas.
Gil Barabach, consultor de Safras & Mercado para café, afirma que principais estados produtores, São Paulo e Mina Gerais, foram afetados pela seca, afetando a cadeia do arábica.Play Video
“A seca afetou de forma severa esta safra e já afetou a próxima colhida ano que vem. Esse cenário, somado à falta de café robusto, principalmente produzido na Ásia, fez com que o preço disparasse. Menor produção fez com que mercado reagisse a falta café Brasil”, explica.
O arábica e o robusta são até certo ponto intercambiáveis, de modo que a maior disponibilidade de robusta pode contribuir para amenizar a escassez de arábica.
Com esse cenário, a alta do preço nesse age com faca de dois gumes para o Brasil.
Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio, explica que alta dos preços e falta de oferta no cenário mundial é positiva para os exportadores.
“Brasil continua sendo o maior produtor mundial de café, com nível de exportações batendo recordes, mas a produtividade mundial não consegue acompanhar, o que puxa os preços. Isso se agrava ainda mais, já que a demanda se aquece com aumento do consumo da China”, afirma.
Em novembro, a maior rede de cafeterias da China, Luckin Coffee, assinou um termo de compromisso que prevê a compra de 240 mil toneladas de café brasileiro entre 2025 e 2029.
No lado das exportações, o Brasil exportou 4,926 milhões de sacas de 60 quilos de café em outubro deste ano, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
“Produtores que já tinham contratos futuros de commodities vendidos estão tendo dificuldade de comprar produto para entregar e fechar as posições com a disparada dos preços dos produtos mais altos. Nos três próximos meses, o cenário [de alta] deve se manter”, pontua Medina.
A redução na previsão da safra do próximo ano, a possibilidade de falta de grãos dos principais produtores em níveis mundiais e a atual volatilidade do mercado puxam os preços para maior patamar em 47 anos.
Alta de preço pode trazer maiores retornos aos agricultores, mas são obstáculos para indústrias e comerciantes que precisam repassar o custo para o consumidor final, explica Barabach.
“As altas deste ano já vem impactando as indústrias, que vem aumentando os preços internos e repassando para o consumidor. Ainda há espaço para subir mais, já que os estoques que as indústrias trabalham são de curto prazo”, ressalta.