O café canéfora, que inclui as variedades de conilon e robusta, está ganhando várias regiões do Estado de São Paulo em razão de uma particularidade: a genética resistente a secas severas e a terrenos que passaram por estresses hídricos ou deficiência de nutrientes. Diante de oportunidades agronômicas, o governo paulista vem incentivando o plantio da espécie e, depois de alguns meses de testes, lança o projeto Rotas do Café.
O projeto já cadastrou 154 propriedades rurais de produção do grão, das quais 65 são turísticas e 89 para negócios. Todas integrarão cinco rotas espalhadas pelo Estado.
“São Paulo é referência na produção de café e possui diversas fazendas históricas, sendo a cultura uma das mais antigas do Estado. As Rotas do Café de SP irão conectar visitantes a uma experiência rica e diversificada, desde pequenas propriedades familiares até grandes fazendas da cafeicultura paulista”, detalha o governo, em comunicado.
A iniciativa se baseia, de um lado, no aumento das lavouras de café no Estado, e, de outro, no resgate da economia cafeeira, como antecipou o Estado à Globo Rural. A cerimônia de lançamento será no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, nesta terça-feira (8/4).
Momento oportuno
Na visão do governo estadual, o momento atual é oportuno para lançar um projeto de incentivo à cafeicultura. As cotações do café nas bolsas internacionais e no mercado doméstico atingem seus recordes históricos. O preço mundial subiu 38,8% em 2024 na comparação com 2023, segundo o relatório de março da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
O Poder público busca alternativas para acomodar os preços internos e atender a crescente demanda internacional. Neste sentido, os canéforas aparecem como grande aposta. Ao se adaptarem a climas mais quentes e úmidos, apresentam, muitas vezes, produtividade superior à do arábica no Estado.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento ficará responsável pela instalação de “vitrines tecnológicas de café”, que foram áreas escolhidas nos municípios do Oeste Paulista que se enquadram no zoneamento e estão próximas de unidades consumidoras, como detalhou a Globo Rural em reportagem publicada em outubro do ano passado.
O governo informou que o programa deve beneficiar 20 mil produtores e irá movimentar R$ 500 milhões de recursos privados para a infraestrutura produtiva. Os primeiros resultados do Programa Estadual de Incentivo ao Cultivo de coffea canephora, sobre o andamento do plantio nas regiões paulistas onde estão essas vitrines serão divulgados nesta terça-feira (8/4).
Na mira dos negócios estão também as exportações para países como Estados Unidos, membros da União Europeia e a China, com quem o Estado de São Paulo vem estreitando relações comerciais nos últimos cinco anos. Todos os países integram a lista de maiores clientes da cafeicultura do Brasil.
O Estado de São Paulo é o 3º maior produtor de café do país e está em expansão. No levantamento de safra 2024/25, a previsão para colheita é de 4,30 milhões de sacas. Na balança comercial do Estado, no início do ano, as exportações do segmento somaram US$ 297,21 milhões, 70,4% referentes ao café verde e 26,5% ao solúvel. O grão foi responsável por 7,4% das exportações do agro paulista, sendo o quinto principal produto.
Outras soluções
Para alavancar ainda mais a cultura cafeeira dos pequenos produtores, SP incluiu o produto no Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS). Agora, o governo pode comprar o café torrado e moído para abastecimento de suas secretarias e órgãos vinculados – como escolas e hospitais estaduais – diretamente de agricultores familiares por meio de suas cooperativas.
A expectativa é de R$ 10 milhões em compras apenas de pequenas propriedades cafeeiras até o final de 2025. Ano passado, as aquisições totalizaram aproximadamente R$ 21 milhões de agricultores familiares paulistas. De janeiro a fevereiro deste ano, o valor empenhado foi de R$ 1,52 milhão.
Para o segundo semestre, o governo informou que irá lançar a 24ª edição do Concurso “Qualidade do Café de SP” como forma de estimular produtores paulistas a se desenvolverem também nas categorias especiais do grão, nas quais um dos elementos mais importantes é o cultivo sustentável.