O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, definiu como “extremamente delicado” o momento fiscal e macroeconômico vivido pelo país.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (11), na qual apresentou os resultados do agronegócio em 2024 e as perspectivas do setor para 2025, a CNA colocou o dólar mais alto e o aumento da taxa de juros como fatores de preocupação
Martins e o diretor técnico da entidade, Bruno Lucchi, não comentaram especificamente o pacote de corte de gastos enviado pelo governo ao Congresso Nacional.
Lucchi, no entanto, projetou uma taxa Selic a 13,5% no fim do próximo ano e alertou que juros mais elevados afetam também o Plano Safra.
Quanto à variação cambial, reconheceu que o dólar mais alto ajuda na rentabilidade das exportações, mas pressiona o custo de insumos importantes.
“Fertilizantes, defensivos, sêmen, medicamentos… Tudo isso vai ficar mais caro se tivermos um dólar mais alto”, alertou.
O presidente da CNA, por sua vez, disse que a “incerteza econômica leva o produtor [rural] a ser mais precavido” em questões como o crédito para financiar sua produção.
Menos de um terço do financiamento do setor, segundo ele, se dá diretamente pelo Plano Safra. “O agro tem procurado se libertar da necessidade de ajuda que o governo oferece”, observou.
Uma queixa da CNA, contudo, é sobre o baixo orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
A demanda é por um orçamento anual de R$ 4 bilhões. Em 2025, porém, mais uma vez os recursos disponíveis devem ficar em torno de R$ 1 bilhão.
O mecanismo é essencial para diminuir o risco dos produtores em caso de fenômenos climáticos que levem à quebra de safras, como a seca prolongada que afetou a região Centro-Oeste e as inundações no Rio Grande do Sul.
“Vemos um desmonte do seguro rural, com cada vez menos orçamento”, lamentou Lucchi.
“Não há ferramenta mais importante para fazer uma gestão do risco climático. Neste ano, houve até um aporte de recursos extras ao seguro rural por causa do Rio Grande do Sul. Mas precisaríamos em torno de R$ 4 bilhões anuais.”