Para o ex-presidente do chamado “banco dos Brics” Marcos Troyjo, o Brasil deve negociar diretamente com as empresas americanas que compram produtos brasileiros para conseguir mais vantagens na exportação de produtos aos Estados Unidos.
A declaração foi dada à CNN nesta quinta-feira (24) durante participação em evento da Eurocâmaras, em São Paulo.
“Se fizer uma radiografia de destinos onde o Brasil exporta bens de mais valor agregado e industriais, percebemos que estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo tem no mercado americano um destino muito importante”, afirmou o economista.
“Então, eu acho que uma maneira mais efetiva de negociar um acesso privilegiado, mesmo a isenção de tarifas, é formar alianças com os consumidores americanos, aqueles que compram os produtos brasileiros, que, em geral, são empresas que vão retrabalhar esses produtos. Elas terão uma voz mais potente junto ao Congresso americano e à Casa Branca”, acrescentou.
Marcos Troyjo foi presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como “banco dos Brics”, entre 2020 e 2023, sendo sucedido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Troyjo palestrou para CEOs e executivos de grandes empresas europeias que estavam reunidos em São Paulo para discutir caminhos em meio às incertezas globais, ocasionadas pela nova política tarifária imposta por Donald Trump.
Segundo o economista, países e blocos que tinha divergências econômicas e comerciais passam a se reaproximar com o protecionismo americano, como Japão e China, União Europeia e China e UE e Mercosul, entre os exemplos mencionados.
“Ou seja, restrições com a maior economia do mundo não deixa ninguém parado. Todo mundo vai tentar se reposicionar. A globalização que conhecíamos mudou, e o que vem por aí não é uma ‘desglobalizacao’, mas uma nova globalização cujas rotas ainda estão sendo definidas”, declarou.