As contas externas do Brasil registraram déficit de US$ 56 bilhões em 2024, o equivalente a 2,55% do Produto Interno Bruto (PIB). É o maior resultado desde 2019, quando o Brasil registrou déficit de R$ 65 bilhões. O resultado foi divulgado no relatório de estatística do setor externo do Banco Central (BC) nesta sexta-feira (24).
O resultado representa uma alta superior a 128% na comparação a 2023, quando as contas externas do Brasil registraram déficit de US$24,5 bilhões.
Segundo o BC, o aumento de US$31,4 bilhões no déficit no ano passado é resultado da redução de US$26,1 bilhões no superávit da balança comercial e ao crescimento de US$9,8 bilhões no déficit de serviços, cujo resultado foi parcialmente compensado pela redução no déficit de renda primária, de US$4,1 bilhões, e pelo aumento no superávit de renda secundária, US$367 milhões.
Veja a trajetória do déficit:
- 2019: déficit de US$ 65 bilhões;
- 2020: déficit de US$ 24,9 bilhões;
- 2021: déficit de US$ 40,4 bilhões;
- 2022: déficit de US$ 40,9 bilhões;
- 2023: déficit de US$ 24,5 bilhões;
- 2024: déficit de US$ 56 bilhões.
A balança comercial brasileira de bens foi superavitária em US$66,2 bilhões no acumulado do ano passado, queda de 28,2% em relação a 2023. No ano passado, as exportações de bens somaram US$339,8 bilhões (-1,2%) e as importações somaram US$273,6 bilhões (+ 8,8%).Play Video
No ano passado, o déficit em serviços somou US$49,7 bilhões, aumento de 24,7% em relação ao déficit em 2023 (US$ 39,9 bilhões). De acordo com o relatório, destacaram-se os aumentos das despesas líquidas de serviços de propriedade intelectual (US$3,2 bilhões); transportes (US$2,4 bilhões); serviços de telecomunicação, computação e informações, (US$1,5 bilhão); e aluguel de equipamentos, US$1,4 bilhão.
O déficit em renda primária totalizou US$75,4 bilhões em 2024. É 5,1% inferior ao déficit de US$79,5 bilhões registrado em 2023. No ano passado, houve crescimentos de 4,6% nas receitas brutas de juros, para US$10,5 bilhões, e de 2,6% nas despesas brutas de juros, para US$40,8 bilhões.
Dezembro
Em dezembro, as contas externas do Brasil registraram déficit de US$ 9 bilhões, ante déficit de US$5,6 bilhões em dezembro de 2023.
Já a balança comercial brasileira de bens de dezembro registrou superávit de US$4,3 bilhões, queda em relação ao saldo positivo de US$8,6 bilhões em dezembro de 2023. No mês, as exportações totalizaram US$25,1 bilhões, enquanto as importações de bens aumentaram 2,3%, na mesma base de comparação, totalizando US$20,8 bilhões.
Investimento direto
Os investimentos diretos no país (IDP) somaram ingressos líquidos de US$ 71,1 bilhões (3,24% do PIB) em 2024. É uma alta de 13,8% em relação a 2023, quando somou US$ 62,4 bilhões. No ano, houve ingressos líquidos de US$ 60,1 bilhões em participação no capital e saída líquida de US$ 11 bilhões em operações intercompanhia.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingressos líquidos de US$ 4,3 bilhões no ano passado. O número é composto por saídas líquidas de US$17,1 bilhões em ações e fundos de investimentos e ingressos líquidos de US$12,8 bilhões em títulos de dívida.
Em dezembro, investimentos diretos no país somaram ingressos líquidos de US$ 2,8 bilhões ante a saídas líquidas de US$2 bilhões no mesmo período de 2023. No mês passado, os ingressos líquidos em participação no capital atingiram US$4,8 bilhões, enquanto as saídas líquidas somaram US$2 bilhões.
Reservas internacionais
No último mês de 2024, as reservas internacionais somaram US$ 329,7 bilhões, redução de US$ 33,3 bilhões em relação a 2023. Contribuíram para reduzir o estoque de reservas a liquidação de vendas à vista (US$19,8 bilhões); a concessão de linhas com recompra, (US$11 bilhões); e as variações por preços (US$1,5 bilhão) e por paridades (US$1,4 bilhão). Já as receitas de juros contribuíram para elevar o estoque em US$754 milhões.