A Croplife Brasil, entidade que representa as empresas de biotecnologia, as associações de produtores de milho (Abramilho) e algodão (Abrapa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tentarão avançar em um acordo com as autoridades chinesas para a sincronia de aprovações de eventos de transgenia, pauta em discussão há anos.
Ao menos dez cultivares de sementes já aprovadas aqui ainda não são plantadas pelos agricultores brasileiros pela falta de aprovação da China, onde a análise demora até oito anos. Como a maioria da soja e grande parte do milho exportados pelo Brasil vão para o país asiático, eventos não aprovados lá poderiam ser embarcados e gerar barreiras comerciais.
Eduardo Leão, diretor-executivo da CropLife Brasil, disse que o caminho é a assinatura de um memorando de entendimento que preveja esse alinhamento nas aprovações e abra espaço para a exportação de biotecnologia chinesa para o Brasil. “Temos uma boa expectativa nesse sentido, pois o momento é bastante favorável. A China tem investido mais em biotecnologia e edição gênica, então passa a haver interesse maior de exportar essa tecnologia para o Brasil”, afirmou ao Valor.
Durante a presença da comitiva na China, o comitê de biotecnologia da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) vai se reunir para discutir o tema. A presença de Lula ajuda a “turbinar” a missão setorial, disse Leão.
“A relação com a China tem atingido um nível de maturidade, de transparência e clareza entre as áreas que negociam nunca visto. Isso tem permitido avanços significativos”, disse Luiz Rua, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) vai realizar um seminário com importadores chineses para promover o DDG, coproduto das usinas do biocombustível rico em proteína para as rações. A abertura de mercado para esse item é um dos temas da pauta do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, com autoridades chinesas.
“O momento é muito oportuno para o Brasil se posicionar, já que duas potências mundiais estão se tarifando. Isso abre oportunidades e precisamos estar preparados para o jogo, pois somos a alternativa confiável para fornecimento de alimentos e energia”, disse Guilherme Nolasco, presidente da entidade. A tentativa de vender DDG e etanol aos chineses é anterior à eleição de Trump, ressaltou.
Já os exportadores de suco de laranja tentam uma equalização tarifária que pode dar mais previsibilidade na relação com chineses e até abrir espaço para futuros investimentos brasileiros na China.
Hoje, existem duas taxas de exportação (7,5% e 20%), relacionadas à temperatura de chegada do produto nos portos asiáticos. A intenção é manter apenas a taxa de 7,5%, que hoje implica em mais custos de energia e logística.