A Boeing pode acumular mais de US$ 1 bilhão em despesas relacionadas a salários decorrentes de sua nova proposta de contrato de trabalho para encerrar uma greve nos Estados Unidos que já dura mais de um mês.
Cerca de 33 mil trabalhadores votarão a proposta na quarta-feira (23). A produção da Boeing está paralisada, incluindo a do jato mais vendido da companhia, o 737 MAX.
A votação também coincide com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre da Boeing, em que se espera que a empresa registre um grande prejuízo.
“Vemos a proposta como um passo positivo”, disse Ben Tsocanos, diretor do setor aeroespacial da agência de recomendação S&P Global. “Resolver a greve rapidamente é fundamental para melhorar a posição financeira da empresa.”
A nova proposta salarial anunciada no sábado inclui um reajuste de 35% ao longo de quatro anos, bônus de ratificação de US$ 7 mil, o restabelecimento de um plano de incentivo e maiores contribuições para planos de aposentadoria.
A oferta salarial e o bônus de ratificação são um avanço em relação à oferta anterior, que foi rejeitada pelos trabalhadores, mas o reajuste ainda está aquém do aumento de 40% em quatro anos exigido pelos trabalhadores.
Seth Seifman, analista do JP Morgan, estimou que o reajuste salarial pode elevar os custos da Boeing em mais de US$ 1 bilhão, enquanto a analista Sheila Kahyaoglu, do Jefferies, espera que as despesas relacionadas a salários sejam de cerca de US$ 1,3 bilhão.
A proposta foi feita após semanas de discussões entre a Boeing e o sindicato Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM, na sigla em inglês), cuja liderança enfrentou a fúria de alguns membros após endossar a primeira oferta da Boeing, à qual a maioria dos trabalhadores se opôs.
A IAM não apoiou explicitamente a nova proposta da Boeing, mas disse aos trabalhadores no sábado que “ela é digna de sua consideração”.