Quem passa pelo Rio Araguaia tem notado a queda do nível de água. A rota, na divisa do Tocantins com Pará, não tem ponte e a travessia é feita apenas por balsa. Por causa da seca, bancos de areias estão sendo formados, dificultando a passagem pelo local. Arthur José Matos, é coordenador do Sistema de Alerta Hidrológico Nacional e explica que até o final do ano a situação deve piorar.
“O nível do rio se forma lá em novembro, dezembro, janeiro, onde a gente tem os maiores volumes de chuva. Agora, mesmo se chover acima da média, é muito pouco. A média é muito pequena. Então se chover acima da média, não dá tempo do rio se recuperar. Então a tendência para os próximos meses é o rio continuar numa descida”, disse.
A rota também beneficia outros locais como cidades do nordeste de Mato Grosso, que possui o principal centro de compras e serviços em Palmas. Motoristas que atravessam o rio dizem que nunca viram o fluxo de água tão baixo nesta época do ano, como agora.
Motoristas pegam balsa para atravessar Rio Araguaia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Para atravessar o rio é necessário pegar duas balsas. Os passageiros descem no meio do Araguaia e dirigem ou caminham por uma ilha até a outra balsa, para evitar que a embarcação encalhe em algum banco de areia. O caminhoneiro, Otonias de Sousa, trabalha fazendo entregas nas cidades entre o Tocantins e Mato Grosso. Por causa do nível do rio, percebeu que a travessia tem demorado mais.
“O nosso horário de chegar lá em Confresa (MT) é por volta das 15h, 16h. E agora nós estamos chegando às 18h, 19h, porque o tempo de travessia da balsa quando está normal, é em torno de 19 a 22 minutos, no máximo 25 minutos, e agora nós estamos levando uma hora e meia, uma hora e quarenta”, contou o caminhoneiro.
A mudança, fora de época, está relacionada com a diminuição das chuvas provocada pelo fenômeno El Niño. A Agência Nacional de Águas (ANA) tem nove estações de monitoramento no Araguaia e todas estão com níveis bem abaixo do normal.
“Os rios amazônicos, principalmente da margem direita do Amazonas, do sul da Amazônia, são muito sensíveis a redução de chuva. As vazões são muito altas porque chove muito durante um período longo. Mas quando você tem nesse período de transição do período chuvoso para o seco uma pequena redução de chuva, e a gente teve uma drástica redução de chuva em maio, os rios respondem muito rapidamente. A redução de nível d’água é muito rápida”, explicou o superintendente da ANA, Alan Vaz Lopes.
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